Uma micro câmera instalada por familiares dentro do quarto de um casal, morador do bairro Jardim Umuarama, ajudou a obter provas confirmando que uma menina de 8 anos vinha sendo abusada sexualmente pelo padrasto. A criança, que é filha adotiva do casal, relatou há cerca de uma semana para a namorada de um de seus irmãos que o pai dela, J.S.C., 50 anos, estava praticando abusos contra ela. Imediatamente os irmãos e uma tia decidiram agir e instalar o equipamento para confirmar a versão da criança. Três dias depois da instalação da câmera, ontem, o acusado foi flagrado abusando da menina dentro do quarto. As imagens do abuso, que durou cerca de 45 minutos, foram entregues ao Conselho tutelar e ele foi preso em flagrante pela Polícia Militar.
De acordo com o conselheiro Amado Soares Santiago, as cenas são chocantes e causaram mal-estar até mesmo entre os profissionais do Conselho Tutelar já acostumados atender vítimas de abusos. Pela filmagem, percebe-se o acusado totalmente nu praticando atos libidinosos contra a menina. “Fiquei muito abalado com o que vi, é chocante para a gente que trabalha na área”, relata o conselheiro evitando comentar detalhes do fato, de tão absurdas, segundo ele, as cenas de abusos protagonizadas pelo homem que deveria proteger a criança. Nesta tarde, a criança passará por exames de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) de Cuiabá.
Soares relatou que pela atitude dos irmãos da vítima, da tia que ajudou a instalar a câmara e da mãe da menina, ninguém sabia dos abusos. “A mãe ficou muito abalada, chocada e revoltada. Pelo que vi na atitude dela, os abusos não eram do seu conhecimento, ela não era conivente”, destaca o conselheiro. De qualquer forma, familiares serão ouvidos de forma mais aprofundada. Após a vítima passar por exames a Promotoria de Justiça dos Direitos da Criança e Adolescente será acionada bem como o Judiciário que serão responsáveis por decidirem sobre o futuro da menina. “É provável que ela deva permanecer com a família, porque eles, aparentemente não eram conviventes com os abusos e o abusador está preso, longe do convívio dela”, pontua o conselheiro Amado Soares. "Este caso requer muita atenção pelo fato da vítima ser uma criança abusada por um familiar".
Agora, explica o conselheiro, o processo de adoção da menina pelo casal também será investigado. Ele destaca que pelas informações colhidas até o momento, a menina foi adotada quando tinha cerca de 1 ano e 6 meses. “Mas não sabemos nada sobre como ocorreu essa adoção, se foi legal ou não. Mas isso tudo será averiguado a partir de agora”, enfatiza o profissional.
Pelo que foi apurado pelo Conselho Tutelar até o momento, os abusos começaram há cerca de dez dias. Na casa moram cinco pessoas, sendo o casal, dois filhos já maiores de idade que trabalham fora e a criança.