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Cuiabá: assaltos em transportes públicos somam média de 36 por mês

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Cuiabá registra em média 36 assaltos a ônibus por mês. Em 2011, o transporte coletivo foi alvo de 437 ações de criminosos. Os dados são da Associação Matogrossense dos Transportadores Urbanos (MTU), entidade que representa os cerca de 370 ônibus das 3 empresas que operam o serviço na Capital. Estudos da MTU apontam que os crimes ocorrem com maior incidência em 5 bairros de Cuiabá, Jardim Vitória, Novo Paraíso, Jardim Florianópolis, Ribeirão do Lipa e CPA 4. De acordo com o consultor de segurança da associação, Raimundo Silva Santos, nestas localidades os coletivos são escolhidos por serem a opção mais fácil para os criminosos.

Destaca que com a colocação de câmeras de segurança em mais de 90% dos carros, aliado à parceria firmada com a Polícia Militar e o aumento no uso de cartões por parte dos usuários, a prática de assaltos se tornou menos atrativa. "Em 2010, um criminoso levou apenas R$ 0,50 em um dos assaltos", conta. O dinheiro obtido com os roubos, conforme estudo da MTU, serve ao pagamento de dívidas dos criminosos contraídas com traficantes de drogas ou para a aquisição de entorpecentes para consumo. "Em 90% dos casos é isso que move o assaltante, que geralmente ataca utilizando arma branca ou simulando estar portando revólver".

A idade média dos criminosos capturados neste tipo de crime é baixa e demonstra uma outra característica das ações, a de teste para o ingresso em gangues ou quadrilhas. Geralmente, os adolescentes ou jovens são obrigados a praticarem um crime e avaliados, via de regra por mulheres, as apontadoras, que analisam o comportamento no momento do assalto. Caso passe pela prova, o criminoso começa a integrar as gangues e praticar outros tipos de crime.

O período noturno é o preferido para estes ataques. A maioria dos assaltos ocorre a partir das 20 horas, quando o efetivo policial é menor e as fugas, em lugares ermos e escuros, são mais fáceis. "Durante o dia, além da PM, a população vê viaturas das Polícias Civil e Federal, que se misturam ao trânsito e geram uma sensação maior de segurança". A falta de leis mais rígidas para os criminosos presos nos assaltos também impede que os índices caiam ainda mais. "Temos um caso em que um assaltante atacou um ônibus, ficou detido por cerca de 6 horas e, assim que saiu, abordou outro cobrador acabando preso novamente". Com a mudança no Código de Processo Penal, que tornou afiançável crimes como o furto, por exemplo, são raras as vezes em que os assaltantes permanecem presos.

Mesmo com um dos menores índices do país entre as capitais brasileiras, motoristas e cobradores trabalham preocupados. Um motorista, que não quis ser identificado, e que já foi alvo de 3 assaltos, conta que os crimes reduziram, mas não há uma noite em que dirija tranquilo. "Sempre que alguém suspeito dá sinal eu fico com medo. Paro e quando abro a porta peço a Deus que nada aconteça conosco". O cobrador, vítima de 2 assaltos, afirma que o segredo é se manter calmo. "Nossa vida não tem preço". Conta que nas duas ocasiões, crianças o abordaram e exigiram o dinheiro. "Dava pouquinho, porque a maioria das pessoas usa o cartão. Mas eles não têm nada a perder".

Para Leonor Azevedo, usuária do transporte coletivo em Cuiabá, a melhor tática é se sentar longe do cobrador. "Quando o bandido entra, é lá que ele vai para pegar o dinheiro. Se o funcionário reage ou o ônibus balança, a chance de levar um tiro é maior ali". A estratégia foi aprendida com outras amigas, uma vez que ela mesmo não chegou a presenciar nenhum crime. "Graças a Deus não vi, mas mesmo assim não dá para dar chance para o azar".

 

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