Quatro tripulantes e um turista, testemunhas e sobreviventes do naufrágio da chalana Semi Tô a Tôa, prestaram ontem depoimentos ao delegado Valter Cardoso Ribeiro Moura, da Polícia Civil de Poconé (104 km ao Sul). Hoje à tarde ele deverá ouvir formalmente os dois comandantes da embarcação. Os pilotos revezavam no comando da chalana. Os sobreviventes declararam que a chalana saiu no sábado por volta das 15h com 22 pessoas, sendo 12 turistas e 10 tripulantes. Passaram sete horas navegando no Rio Cuiabá em direção ao Rio Piquiri e às 22h ancoraram. A embarcação retornou a navegar duas horas depois, por volta de 01 hora da madrugada e às 04h começou a naufragar.
Conforme apurou o delegado, os turistas estavam em suas cabines e os tripulantes dormiam em aposentos próximos a casa de máquinas. As cozinheiras descansavam em compartimentos perto da cozinha. Nos depoimentos, os sobreviventes dizem que quando acordaram tinha água na popa (traseira do barco) e que logo foi inundando os quartos. O barco em cerca de 30 segundos inclinou a popa e afundou no rio.
Na proa da embarcação havia cinco galões de gasolina, de 50 litros cada, seis de água (20l cada) e dois botijões de gás de 13 litros, os quais não estavam amarrados. De acordo com o delegado, eles podem ter rolado da parte frontal (proa) até a popa (traseira) e contribuído com o peso para o barco naufragar mais rápido.
Desde o acidente, ocorrido na madrugada de domingo passado, o delegado que investiga as causas da tragédia, vem conversando com vários ribeirinhos. Quatro prestaram declarações e relataram que ouviram gritos de socorros das vítimas e que a embarcação afundou muito rápido. Alguns ajudaram no resgate das vítimas.
O inquérito instaurado pela Polícia Civil investiga se houve negligência, imprudência e imperícia. Para isso, a polícia solicitou à Marinha cópia da inscrição da embarcação, do termo de inspeção, do termo de responsabilidade, do seguro obrigatório e da carteira de habilitação de navegação dos comandantes. O termo de inspeção também foi solicitado ao Corpo de Bombeiros ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama). O inquérito deverá ser concluído em trinta dias.
As investigações vão levantar também se a categoria da habilitação dos comandantes era adequada para conduzir embarcações do porte da chalana que naufragou. “Para esse tipo de embarcação, usada no transporte de turistas, deve ter um carteira aquaviária de acordo com o tamanho e capacidade do barco, que é medida por ‘pés’”, disse o delegado Valter Cardoso. “Essas medidas constam no termo de inscrição da chalana”, complementa.
A chalana Semi Tô a Tôa fazia a segunda viagem, depois de passar por uma reforma geral e após a inspeção da Marinha do Brasil.