Cinco policiais militares que integram a equipe da Inteligência do 24º Batalhão foram afastados das ruas e remanejados para o setor administrativo do Comando Regional de Cuiabá (CR I) logo após a localização dos corpos de Hugo Vinícius da Silva Salomé, 19, e João Vitor Alves de Oliveira, 20. Pelo menos dois militares são apontados pelas famílias dos jovens como autores do crime e tidos como os principais suspeitos até o momento.
Três dos PMs afastados prestaram esclarecimentos à Polícia Civil na tarde de sexta-feira (20), em termo de declaração, mesmo dia em que os corpos dos jovens foram localizados em Santo Antônio do Leverger (34 km ao sul de Cuiabá). Hugo e João Vitor estavam desaparecidos desde o dia 10 de janeiros, após serem vistos com os policiais.
De acordo com a PM, a decisão de remanejamento dos policiais foi tomada pelo coronel Edgar Maurício, comandante do CR 1, com o objetivo de evitar qualquer situação que possa atrapalhar o andamento do procedimento administrativo militar (PAD), que apura a denúncia de envolvimento de PMs no desaparecimento e, agora, na morte dos jovens. Os policiais foram ouvidos pela delegada responsável pelo caso, Sílvia Virgínia Biagi, da Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), do setor de desaparecidos.
A versão dos militares foi exposta em um Termo de Declaração, não sendo ainda tida como um depoimento oficial. Eles mantiveram a versão de que Salomé e Oliveira estavam em direção contrária a deles e quando viram os policiais, teriam aberto as portas do veículo e saíram correndo. Os jovens estavam em um Clio. Reforçaram ainda, que nunca mais viram os jovens após este episódio e levaram apenas o carro para a base do São João Del Rey.
Biagi solicitou a busca por imagens de circuito de câmeras de estabelecimentos comerciais e residências instalados próximo ao local, onde as vítimas teriam sido vistas pela última vez. Os familiares dos jovens reiteram que eles sumiram após serem abordados por um policial militar da base do São João Del Rey (24º BPM). Uma pessoa teria testemunhado o momento que os jovens teriam sido levados por eles.
Além disso, a delegada deverá ouvir outras testemunhas e após o levantamento de provas e demais declarações, os policiais deverão ser ouvidos oficialmente. Os PMs suspeitos integram a equipe de Inteligência do mesmo batalhão no qual estavam lotados os militares Wanderson José Saraiva e Élcio Ramos Leite, envolvidos no caso que resultou na morte deste último e do jovem André Luiz de Oliveira, 27, em agosto do ano passado no CPA. A reportagem tentou contato com todos os setores da PM, mas a instituição não quis se pronunciar sobre o caso ontem.