Os números de roubos em Cuiabá aumentaram 17% e os furtos cresceram 14% no ano passado em relação a 2015. Os dados são da Coordenação de Estatísticas e Análise Criminal da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp). “Vale frisar que o ano de 2016 começou com registros de 822 casos de roubos em janeiro, teve uma queda para 634 casos em junho, devido à greve dos servidores públicos. Os registros subiram para 1.086 em julho, pois com a retomada dos policiais ao trabalho, a população buscou mais o registro das ocorrências e terminamos dezembro com 577 casos”, explicou o secretário estadual Rogers Jarbas.
Já em 2015, o ano começou com 484 roubos e terminou com 707 casos por mês na Capital. O mesmo ocorreu em Várzea Grande. No ano passado, houve aumento nos registros de roubos em 33% e 1% nos furtos.
Em Mato Grosso, as ocorrências de roubo passaram de 24.655, em 2015, para 27.789 no ano passado, 13% a mais. Já os casos de furtos subiram 12%.
O aumento dos casos tem relação direta com a crise econômica, a situação de impunidade que o país atravessa, bem como os benefícios concedidos pelas leis brasileiras, que ajudam na reincidência dos delitos. O registro de assaltos cresceu também em Rondônia, Ceará, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul, por exemplo.
A titular da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf) de Cuiabá, delegada Luciani Barros, observa que os perfis dos autores de roubos e furtos são variados. Há os criminosos contumazes, que cometem roubos com emprego de violência, e também aqueles que não têm passagem criminal, mas que começaram com furtos simples no ambiente de trabalho, em lojas e supermercado. "Essas pessoas não são pertinentes na prática de crimes, mas estão cometendo em virtude da própria situação financeira do país".
Um exemplo é o caso de um casal de idosos que praticou furto em três lojas. A mulher, de aproximadamente 70 anos, entrou na loja e subtraiu peças de roupas, que foram colocadas dentro de sua roupa íntima. Ela ficou conhecida como a “vovó da calçola” e, assim como o companheiro, que dá suporte na ação, não tem passagem pela polícia.
Já autores reincidentes são aqueles que estão inseridos em associações ou organizações criminosas, que cometem roubos e furtos para estruturar as quadrilhas com a compra de armamentos e também para lucro pessoal. "Esses indivíduos sim, normalmente, são contumazes e cada vez mais aumenta o grau de violência e também se especializam em determinado segmento”, analisa a delegada.
No segundo semestre de 2016, a Derf implantou um novo modal de investigação aos roubos a residência, por meio do plantão de atendimento “in loco” dos roubos cometidos em casas e com violência e grave ameaça aos moradores, e também aos latrocínios. Os casos têm o apoio do Núcleo de Inteligência da Derf e parceria da Polícia Militar. “Tínhamos uma média de 90 registros ao mês e passamos para cerca de 40”.
Outra razão também para que o crime contra o patrimônio aumentasse foi o maior número de pessoas buscando o registro de ocorrências de objetos roubados, como celular, correntes, pulseiras.
A maior parte dos crimes de roubos e furtos são cometidos contra pessoas nas ruas. Para se ter uma ideia, de janeiro a abril de 2016, foram registrados 3.429 roubos em Cuiabá e 49% foram roubos de celulares.
Além do policiamento ostensivo da Polícia Militar, fundamental no combate ao crime, e as investigações da Polícia Civil, duas medidas vão fazer diferença na redução dos índices de roubos e furtos na Capital e no interior. A primeira é o reconhecimento ótico de caracteres, uma tecnologia que está em processo de aquisição pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran), e a outra medida é o termo de adesão com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), assinado em 2016 com a PJC, para bloqueio de sinal de celulares roubados.
No caso do Detran, a autarquia vai locar veículos com a tecnologia OCR para identificar veículos que circulam nas rodovias do Estado de Mato Grosso. Por meio do reconhecimento ótico, é possível fazer a consulta em tempo real e checar se os veículos possuem algum tipo de restrição. Além disso, são equipamentos capazes de ler e identificar as placas de registro veiculares, que apresentam um resultado completo da situação legal dos veículos em trânsito, se tornando grandes aliados da inteligência policial e ajudando na recuperação de veículos roubados e furtados.