A filha de índia assassinada na reserva perto de Nova Marilândia, no Mato Grosso, disse que a mãe, a líder indígena Valmireide Zoromará, foi morta a queima roupa. Kely Zoromará negou a tese de legítima defesa levantada pelos advogados de Ismael Rosa autor dos disparos.
“Isso é mentira, eles foram covardes e atiraram à queima roupa, por trás, sem chance da minha mãe se defender. E o motivo não foi o peixe que pescavam, foi a ganância do fazendeiro porque estamos aguardando que esta terra volte para nossa tribo”, disse.
O crime ocorreu na sexta-feira (9), quando Valmireide Zoromará, da etnia Pareci, esteve na reserva para tratar de questões de interesses dos índios. Ela estava acompanhada do marido, o não índio Valdemir Amorim, que também foi baleado e está internado, em estado grave, em um hospital de Cuiabá.
Kely revelou que a mãe lutava há muito tempo pelos direitos dos índios Pareci sobre uma área de terra na região. “Em novembro estivemos em Brasília para falar com autoridades para agilizar o processo de reintegração dessa terra que já dura 32 anos. Falamos inclusive com a antropóloga Siglia Doria, que nos garantiu que o local onde tem a represa [onde ocorreu o crime] é da nossa tribo, só falta publicar o estudo”, afirmou.
Para o representante da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Tangará (MT), Martins Toledo de Melo, a Funai está acompanhando as investigações e que vai aguardar as conclusões do inquérito para tomar uma decisão.
“Ismael Rosa, o responsável pelos disparos que causou a morte de Valmireide já confessou e está preso em Cuiabá, vamos [a Funai] aguardar os trâmites legais. Nessa região é comum os fazendeiros estarem armados com [armas] de grosso calibre, e de forma irresponsável entregam essas armas para pessoas totalmente despreparadas”, afirmou.