Ao contrário do que esperavam alguns, a votação das contas da prefeita Maria Izaura, exercício 2005, na última quinta-feira na Câmara Municipal, aconteceu de forma tranqüila. Ninguém apareceu com moedas ou notas de um real para que os vereadores reprovassem as contas da prefeita, como aconteceu quando, ano passado, votaram as contas do último ano do ex-gestor Romoaldo Junior.
E por que não apareceram? Esse questionamento também foi feito por alguns vereadores, a saber, Edson Apolinário, Doglas Arisi e Paulo Florêncio, os únicos contrários a aprovação das contas da prefeita que venceu por seis votos a três. Ninguém apareceu para tentar reverter o quadro porque o quadro era irreversível, talvez esta seja a resposta a ser dada.
Nos itens analisados pelo Tribunal de Contas, cujo parecer técnico apresentou irregularidades em 13 deles, em nenhum ficou caracterizado desvio de dinheiro público, falcatruas ou qualquer entendimento que pudesse ser entendido como ‘de lesa munícipe’, e, se o município não foi lesado com ações do executivo, era (e é) de bom juízo que os vereadores aprovassem, por unanimidade, as referidas contas. Infelizmente essa unanimidade não aconteceu.
Relator da Comissão de Fiscalização e Acompanhamento da Execução Orçamentária, o vereador Doglas Arisi, em seu relatório, acatou em quase totalidade 12 das 13 justificativas apresentadas pela prefeita, sendo contrário apenas a um único item: fator explosivo para o seu parecer final, no qual concordou o vereador Edson Apolinário e discordou a vereadora Elisa Gomes.
Apolinário disse, na tribuna, que não queria errar de novo, reportando ao seu voto (em 2006) em favor das contas de 2004, de Romoaldo Junior, que obteve 32 irregularidades apontadas pelo TCE. Naquela situação Apolinário foi o relator e defendeu com unhas e dentes, porém, com veemência nem tanta quanto o parecer contrário do relator de agora, Doglas Arisi, seu ‘companheiro de bancada’, em cujo barco navegou também o presidente Paulo Florêncio.
Sabendo que a posição de Doglas Arisi, o que culminou em sua decisão, é marcada pelo ódio: vestimenta de guerra do edil quando o assunto é a prefeita Maria Izaura (su ódio no tiene limites – num bom espanhol), não devemos, num pós-julgamento, condenar os outros dois edis dos votos contrários e dizer que eles traíram a vontade popular. Não, isso, a nós, seria ridículo. Eles agiram segundo seus princípios, o que, de certa forma foi bom para o vereador Doglas, poupado de ter que passar pelo vexame ou humilhação em se achar sozinho nessa nau para quando lhe bater o sentimento da trisculpa (misto de tristeza e culpa) não lhe pese sozinho aos ombros, que a cruz se divida em três.
Também não é verdade que o voto favorável do vereador Luiz Carlos, ex-presidente daquela Casa de Leis, seja um voto ‘traíra’, contra o ‘grupo’, contra a ‘bancada do PP’. Não! O voto de Luiz Carlos, conforme ele mesmo declarou, foi um voto seqüente, ou seja, ele, em quatro mandatos, segue uma seqüência quando se trata desse tipo de matéria: aprovação de contas de gestores. Ele também agiu segundo seus princípios.
Com os olhos da justiça, enxerguemos que o resultado da votação do Projeto de Decreto Legislativo 003/2007 que pretendia aprovar o parecer prévio do Tribunal de Contas do Estado (TCE) foi reprovado pelos vereadores Dida Pires, Francisco Militão, Elisa Gomes, Bernardo Patrício, Lau da Rodoviária e Luiz Carlos Queiroz. Isso legitima, em nível municipal, os atos da prefeita Maria Izaura Dias Alfonso perante a sociedade alta florestense que, sob o julgo da moralidade, sabe que a nossa alcaide é uma pessoa íntegra que apesar de, a ela ser atribuído alguns defeitos, não se pode, no entanto, ser questionada a sua honestidade. O mesmo (posição exclusivamente minha) não se pode atribuir (ou garantir) ao vereador Doglas Arisi.
Resumindo: entendam leitores, Alta Floresta, mais uma vez, saiu ganhando.
Carlos Alberto de Lima é jornalista em Alta Floresta