Há poucas semanas um renomado articulista do Jornal A Gazeta, defendeu a “tese” de que nas eleições do próximo ano, pelo menos para o cargo de Governador de MT , estaria havendo falta ou ausência de nomes. Em minha modesta opinião para todos os cargos, tanto para os parlamentos estaduais e nacional quanto para os governos estaduais e a Presidência da República, sempre existem candidatos em número bem superior ao das vagas em disputa. O que de fato sempre tem faltado e continua faltando são propostas claras, objetivas, exequíveis, incluindo objetivos, metas e as estratégias de curto, médio e longo prazo, bem como os mecanismos de articulação efetiva entre os três níveis de governo.
Existem muitos discursos oportunistas, demagógicos, sem fundamentação e poucas propostas sérias para equacionar a maioria dos problemas que há décadas atormentam a vida do povo. Basta assistir e ouvir as baboseiras que são ditas durante o chamado horário eleitoral gratuito ou obrigatório, quando a grande maioria da população por falta de opção acaba desligando seus receptores, além dos altos índices de absenteísmo e de votos nulos e em branco em cada eleição. Se o voto não fosse obrigatório, com certeza o comparecimento `as unas seria um grande fiasco afetando a imagem da “democracia” brasileira. Nossos governantes e a maioria das instituições públicas há muito tempo perderam a credibilidade perante o povo.
Enfim, a chamada classe política ou elite do poder até hoje não tem conseguido apresentar e implementar um plano de governo e muito menos um projeto de desenvolvimento nacional, regional, estadual e setorial. As ações de governo continuam sendo casuísticas, descontinuadas, desarticuladas e improvisadas. Não tem sentido que sucessivos governos, eleitos e reeleitos , ou partidos que estão no poder há quatro, oito, doze ou mais anos, no apagar das luzes (final de seus mandatos) ainda estejam inventando “soluções” para problemas crônicos nas áreas da saúde, da educação, da segurança, do meio ambiente, da infraestrurura e tantas outras, cujos problemas e desafios já foram objeto de estudos, pesquisas e propostas para devolver `a população serviços e obras que a mesma faz juz, seja pela condição de cidadania seja pela elevada carga tributária a que o povo é submetido.
É neste contexto da proximidade das eleições que a população deve cobrar da classe política que os desafios nacionais e estaduais sejam colocados na agenda dos debates, mas com seriedade, exigindo que os candidatos apresentem propostas concretas e não idéias genéricas, frases de efeito ou discursos demagógicos. Cabe ao povo cobrar dos candidatos seus posicionamentos em torno de tais desafios e o que vão de fato realizar se forem eleitos ou reeleitos. O povo tem este direito, isto é conferido pelos princípios democráticos e da soberania popular, afinal quem paga os salários, todas as mordomias e privilégios da classe política, da elite do poder, enfim, de todos os governantes locais, estaduais e nacionais é a população.
Um dos mais sérios problemas que o povo brasileiro enfrenta é a questão da violência que há mais de 40 anos vem aterrorizando o povo, trazendo intranquilidade, ceifando vidas inocentes e, pior ainda, tudo sobre o manto da impunidade, da morosidade dos organismos públicos e de muita corrupção, criando uma situação de descrédito para as autoridades e as instituições públicas.
O Brasil é signatário de vários tratados internacionais e da Resoluções de Assembléias da ONU sobrre combate ao crime organizado, `a lavagem de dinheiro, a pirataria, ao tráfico humano, de armas e de drogas, a corrupção, a violência contra crianças, adolescents, mulheres, idosos e, mais recentemente ao programa da ONU para reduzir pela metade os acidentes e fatalidades no trânsito, proposta para que o periodo de 2011 até 2020 seja a década das vias seguras.
Todavia, os dados tanto da ONU, quanto da OEA e do Mapa da Violência dos últimos anos demonstram que tanto a violência no trânsito quanto os crimes contra a vida, o patrimônio e a violência de gênero e racial tem aumentado, ante a omissão, passividade e as vezes conivência de autoridades, que parecem viver em outro planeta.
É triste termos que iniciar um novo periodo eleitoral e percebermos que nada muda ou quando muda é para pior, apesar dos discursos de auto-elogios de seus próprios feitos que os governantes e candidatos tanto gostam de proferir!
Juacy da Silva, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia
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