Nesta semana que passou assisti a uma palestra sobre mídias sociais, ministrada pelo produtor cultural cuiabano, Mário Olimpio. Mário é uma pessoa extrovertida e conhecedor profundo das mídias sociais. De junho pra cá as mídias sociais saíram da esfera dos relacionamentos sociais, principalmente entre jovens, e migraram em grande parte para as mobilizações políticas nas manifestações de rua. Como o movimento não é dirigido por um líder, e aqui Mário diz que "o líder acabou", a rede funcionou pra comunicar ao velho estilho boca-a-boca, via internet, milhares de jovens para causas esparsas, mas conectadas num ponto objetivo: a perspectiva do seu futuro, que o sistema político e governamental lhes nega.
As faixas etárias abaixo de 40 anos são o grande público das mídias sociais, representadas especialmente pelo facebook, tweeter, skype e ultimamente o whatsapp, no celular. As redes sociais que são formadas por essas mídias e não tem chefe. Todos criam informações, postam, leem, curtem, comentam e compartilham, nesse ordem de importância das ações. Na realidade, as mídias sociais estão desmontando o papel do jornalista, porque cada pessoa pode criar seu fato e postar, seja uma foto, um comentário, uma notícia, ou os três elementos primordiais: curtir, comentar e compartilhar. É uma decisão de juízo pessoal, sobre a qual ninguém tem interferência.
Quando as emissoras de televisão insistem em classificar os jovens manifestantes de "baderneiros", elas estão tentando desqualificá-los diante da sociedade, em defesa delas mesmas, que estão com os dias contados. A velha TV ditadora de verdades vai morrer. No seu lugar, novas linguagens contestadoras dos sistemas políticos, com quem são casadas. Há uma relação siamesa entre a mídia convencional e o sistema político brasileiro.
Essas manifestações de rua promovidas por jovens, defendem o seu futuro, mas partem do princípio de que é preciso desmontar esse presente nebuloso, formado pelo mundo político e pelo mundo governamental. Sem controle das massas jovens, resta ao sistema político, às redes de televisão e à mídia mais conservadora, desqualificá-los como protestantes e tentar qualificá-los como baderneiros.
Sem horizontes de líderes políticos, sem chefes das redes sociais, é de se perguntar se o mundo político, governamental e a mídia convencional não devem ter medo do futuro?
Onofre Ribeiro é jornalista em Cuiabá