Lembro como se fosse hoje. No início do primeiro mandato de Blairo Maggi, o ex-gerente de banco Éder Morais não era ninguém no governo, porém não saía do Gabinete de Yenes Magalhães, tentando convencê-lo da viabilidade da tal MT Fomento, que ainda não existia. Na concepção de Éder, a MT Fomento poderia se transformar na grande jogada do governo.
Não demorou e Yenes foi na conversa. Ajudou a implantar a MT Fomento, garantindo a concretização do sonho do Éder. Através da agência, que verdadeiramente nada até hoje fomentou, Éder voou longe e, acabou transformando-se no mais poderoso secretário do governo Maggi. Éder chegou a aonde chegou, porque é esperto. E pelo jeito pretende voar mais longe.
Um dia, ouvi o Secretário de Planejamento lamentando-se, após ter ajudado a criar a MT Fomento e, não ter recebido nenhum tipo de crédito pela a ação. Dizia Yenes, na época, “eu tinha que ser como o Éder, ele nem bota o ovo e já saí cantando”. Yenes não mentiu, não! Eder sabe cantar, mesmo sem botar ovo. Éder consegue jogar para debaixo do tapete os seus erros. Ele usa bem a mídia e todo o seu poder de articulação. Aparenta ser o que não é. E quer muito mais, além da SEFAZ.
Agora mesmo no final do ano, a SEFAZ invadiu o Estado com uma vasta propaganda. As peças publicitárias dão a entender que a SEFAZ faz tudo e o governo nada faz. Olha só os dizeres de uma dessas peças: “SEFAZ, governo e empresários unidos…”. Os dizeres transmitem o que Éder quer que os outros pensem a seu respeito. E dar a entender que existem dois governos: o da SEFAZ que faz, e o do Maggi que nada faz.
É bom os botinudos botarem as barbas de molho. Caso deixem o Éder continuar cantando sem botar ovo, ele pode até ser candidato a governador. Pagot que tome cuidado. A “pedra da botina” do Chefe do DINIT, dentro do PR, não é somente o deputado Sérgio Ricardo. É também o Secretário de Fazenda. O “homem da SEFAZ”, além de saber cantar sem botar ovo, demonstra que sabe alçar altos vôos. Éder sabia que a sua “agência de fomento” nada fomentaria em termos de desenvolvimento, mas serviria para fomentar os seus desejos de Poder. Éder sabe que não faz, mas aparenta fazer. Ele “se faz” bem.
Fernando de Almeida é engenheiro, professor e escritor em Cuiabá