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Um espectro ronda o PMDB

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Não dá pra deixar de sentir um misto de escárnio e melancolia ao vermos a propaganda do PMDB de Mato Grosso na televisão nos últimos dias. Um Carlos Bezerra cansado, apático, desesperançoso (e engraçado por causa do arco-íris representado pela tintura dos cabelos) insiste bravamente em se apresentar como símbolo do partido, numa agonia pública.

E com um mote perigoso e complicado: “O jovem não é nada sem a experiência”. Deduz-se que a “idéia criativa” ali era mostrar que o partido teve uma participação importante na construção da base econômica de Mato Grosso, por ter trazido ao Estado, na década de 80, muitos dos projetos e algumas obras na área de infra-estrutura que nos viabilizaram como uma das principais regiões do agronegócio brasileiro. Ok. Correto.

Mas, entre a idéia criativa e a sua materialização naquelas propagandas de 30 segundos, vai uma distância enorme que chega ao ponto de, na prática, negar a estratégia inicial.

O discurso de que o jovem não é nada sem os coroas é uma das coisas que mais aborrecem a moçada. E todos querem ser jovens. Exatamente porque uma das principais características da juventude é a ousadia, o destemor, a iniciativa, o desafio, o novo… Tudo o que, creio, está faltando à política brasileira como um todo e, sobretudo em Mato Grosso. E pedir cautela a um jovem equivale a desestimulá-lo no que tem de mais valoroso: sua verve revolucionária. Ainda mais quando a representação cênica dessa construção é um vovô derrotando um carateca jogando-o no tatame com apenas um dedo!

Mas, deixa pra lá… O grande problema do PMDB é não entender que o partido precisa se modernizar de verdade, dar espaço a novas lideranças, oxigenar-se, não com os totós do passado, já velho no nascedouro. Principalmente tendo em seus quadros gente nova, em cargos importantes, que deveriam ser capazes de assumir o posto que Carlos Bezerra teimosamente assenhorou-se.

Silval Barbosa, por exemplo, é que deveria ser o garoto-propaganda do PMDB na atualidade. É o presidente da Assembléia Legislativa, tem tamanho e estatura suficientes para mostrar o vigor do velho MDB de guerra. Tem também o Zé do Pátio. Até a Teté tem uma imagem melhor e mais moderna hoje em dia. Ou algum dos novos filiados que a imprensa tem anunciado nos últimos dias.

Dizem que quando ficamos velhos voltamos a ser crianças. Essa teimosia do “senador” Bezerra em manter-se como símbolo do PMDB deve ser uma demonstração disso. Parece birra pura! Não se trata de diminuir a importância de Carlos Bezerra para a política de Mato Grosso, tampouco desrespeitá-lo. Ele tem seu lugar de honra reservado nesta história, nem que seja por ter renovado o Estado no processo de redemocratização do país. Mas, emprestando a inteligência do futebol, diria que por melhor que seja, o craque precisa saber a hora de pendurar as chuteiras. Sob pena de não apenas prejudicar seu time (no caso o partido), como arrebentar com sua própria biografia.

Kleber Lima é jornalista e Consultor de Comunicação da KGM – SOLUÇÕES [email protected]

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