Que tipo de futuro queremos construir e que tipo de sociedade queremos formar? Dia 30 de janeiro é o “Dia da Saudade”. Saudade de quê? Do que passou? Mas não adianta viver do passado, pensando que viver antigamente era melhor em muitos aspectos do que se vive o hoje. No meu ponto de vista, isso é um grande equívoco!
Até consigo entender os pessimistas quando faço a seguinte indagação: de que forma podemos promover uma sociedade justa, ética, democrática, inclusiva e solidária se os políticos eleitos atualmente, em sua grande maioria, só se preocupam em se perpetuar no poder com seus bolsos cheios de dinheiro? Enquanto a grande maioria da população vive na miséria sem saúde, saneamento básico e segurança pública?
Segundo relatório da ONU-Habitat de 2012, duas em cada três pessoas que vivem nas cidades latino-americanas estão em condições de pobreza. O “abandono” da população rural e das populações vulneráveis nos obrigam a refletir sobre o conceito de sustentabilidade no desenvolvimento municipal, mas, principalmente, na política pública realizada hoje para gerir esse caos social em que vivemos.
A pandemia da Covid-19 revelou claramente a incompetência de grande parte dos gestores públicos e da estrutura política em que vivermos. Fez muitas pessoas que eram o futuro, ficarem na história para a tristeza de milhares de famílias e da sociedade… aí sim, deixando muitas saudades! Mas me parece que não aprendemos muito com isso, pois os mesmos atores políticos continuam em cena.
Para alguns teóricos, as novas gerações começam a acreditar “no mais ameaçador perigo para a convivência gregária e a solidariedade: o individualismo exacerbado”. Apesar de todos os desafios pela frente, penso que estão equivocados e dou exemplo: meus três filhos são infinitamente melhores que eu em todos os aspectos, no emocional e social. São cidadãos conscientes que defendem a verdade e desejam um mundo melhor e sustentável.
Realmente este é o caminho. O documento final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio + 20 (“O futuro que queremos”), de 2012, reconheceu a importância do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza, tendo por objetivo melhorar o bem-estar humano e igualdade social, ao mesmo tempo em que se reduziria significativamente os riscos ambientais e desequilíbrios ecológicos.
Vamos mais para trás, Ignacy Sanchs, em 1985, mostrou em seus princípios, que quando focamos nosso compromisso político, ético e moral nas pessoas, a temática da sustentabilidade adquire uma perspectiva, um prisma e uma ótica única, pois passamos a agregar dois valores importantíssimos a todo esse processo: história e cultura.
História… Saudades do passado… Nostalgia? Existe um ditado popular muito interessante: “Quem vive de passado é museu”. Porém, se está no museu é porque já fez história! E quem respeita a vida e vive com amor deixa indeléveis marcas de esperança e alegria no coração e na memória dos outros e faz a história ao consolidar uma ação positiva.
Sem a história, o caminho é mais pobreza, desigualdades e a uma perpetuação de um ciclo vicioso de uma política lesiva e sem compromisso com a sociedade. Como disse o líder espiritual do budismo tibetano, Dalai Lama: “Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver”.
Na sabedoria popular: o passado é lição para refletir e não para repetir… inteligente é aquele que sabeaonde quer ir, e mais inteligente ainda é aquele que sabe onde não deve voltar”. Como presidente da Academia de Arquitetura e Urbanismo, convido a todos a espalhar juntos o vírus da solidariedade e do amor, fazendo do hoje a nossa história para sermos exemplos e deixarmos saudades. Sim, nós podemos!