Antes mesmo da FIFA anunciar quais seriam as doze cidades brasileiras a sediar a Copa do mundo de 2014, os campo-grandenses desfilaram uma grande gana de calúnias a respeito do Estado de Mato Grosso e, consequentemente, Cuiabá. Dentre as baboseiras vomitadas pelo vizinho, estavam a falta de infra-estrutura do Estado de Mato Grosso, a falta de segurança revelando que Cuiabá possui um auto índice de criminalidade. Nessa psicodélica tempestade de “elogios” até o palerma e insignificante Juca Kfouri arrotou merda. Conclusão: ficaram na saudade, pois Cuiabá foi a escolhida pela FIFA e comemorou entusiasmada.
Após os relâmpagos e trovoadas sempre vem a bonanza, diz o ditado. Com a chegada do carnaval/2010, Cuiabá e Chapada dos Guimarães se preparam para a grande festa folclórica. O assunto, como não poderia deixar de ser, é a Copa do Mundo de 2014. Centrado nesse tema, o bloco “Confraria Bode do Karuá”, vai levar para as ruas e avenidas de Chapada dos Guimarães, no domingo de carnaval, um samba enredo irreverente por excelência. Renato Olavarria, autor e compositor do samba, não só valoriza as tradições mato-grossenses, com também ratifica Mato Grosso como sendo a Copa do Pantanal.
A letra é um verdadeiro atestado de união e de carisma do Estado de Mato Grosso, sobretudo, ao que dia respeito a humildade de seu povo, conforme a dialética utilizada em sua poesia. Numa espécie de convocação do povo mato-grossense para comemorar a vitória em cima dos nossos rivais, Renato foi simplesmente sucinto: “Agregado e pau-rodado agora vamos junta, Num muxirum de esperança, todos num só sapicuá, vamos ficar coloiado todos por cuiabá”.
Entretanto, como diz o ditado “quem com ferro fere, com ferro será ferido”, o autor alfineta nossos arqui-rivais campo-grandenses, com certa sutileza, ao complementar a estrofe do samba dizendo “Deixa os bocó de fivela achar que num vamu agüenta” e complementa ironizando-os com “Agora quá, quá, quá, quá, o mascote da copa é o bode do Karuá”.
A valorização dos costumes e o dialeto utilizado pelo autor são oferendas de identificação com as raízes e com os costumes de Mato Grosso. Quem utilizava dessas expressões, no intuito de transpô-las a outras fronteiras, foi o nosso saudoso artista, Liu Arruda.
Num tom de descontração e uma pitada de benevolência, o autor despedi-se dos arqui-rivais com mais um jargão típico dos cuiabanos: “quem bedjô, bedjô, quem não bedjô, não bedja mais”, numa alusão de que, de agora em diante, não precisam mais nos atirar pedra, pois o jogo, pra eles, acabou. A Confraria bode do Karuá vai desfilar na praça de Chapada dos guiamrães no domingo de carnaval, a partir das 14:30.
Gilson Nunes é jornalista
[email protected]