quarta-feira, 11/dezembro/2024
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Rolezinho: pobre ganha do rico

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Sobre os “rolezinhos”, o Instituto Data Popular, de São Paulo, fez uma pesquisa profundamente esclarecedora. O resumo da pesquisa é que “o rolezinho colocou no mundo real celebridades que antes só estavam presentes no mundo virtual”. As celebridades são jovens da classe C, a nova classe média brasileira, que chegam a ter 30 mil seguidores nas redes sociais e gozam de enorme liderança. São eles quem organizam os rolés nos shoppings.

A propósito, os jovens de 16 a 24 anos do país, somam 31 milhões, dos quais 54%, ou 17 milhões vão aos shoppings 3,3 vezes ao mês, e são responsáveis por uma receita de R$ 130 bilhões ao ano. Logo, enormes consumidores de roupas, de eletrônicos e de calçados. Dos 17 milhões que vão aos shoppings, 9 milhões são da classe C, e gastam muito mais do que os da classe B, a classe média tradicional. O critério para definir a classe C é a renda de R$ 320 a 1.120 reais por pessoa da família, ou uma renda média familiar de R$ 3 mil (Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República).

No shopping esses jovens vão ao cinema, lancham e pesquisam preços. O lazer é outro motivo, porque nas periferias ele é escasso, exceto pelos bailes funk. Vestem-se bem e gastam muito com roupa, porque acreditam que se estiverem bem vestidos serão melhor aceitos no shopping center. Não são bagunceiros. As bagunças acontecem onde se aglomeram jovens de qualquer classe. Logo, os shoppings precisam aprender a se comunicar com esse público de grande poder aquisitivo. Repudiá-lo com a segurança e com preconceito é burrice!

Um dado curioso da pesquisa: entre mulheres das classes A e B, 70% já usaram produtos falsificados. Na classe C apenas 50%, porque elas creem na apresentação como forma de diminuir o preconceito. A verdade, diz a pesquisa é que “a renda das pessoas cresceu mais do que os espaços de consumo, e não se construíram espaços e nem métodos de consumo universalizados”. As pessoas da elite, diz ainda, se assustam muito com a demanda do consumo dos pobres. Tanto, aponta a pesquisa, que 55% da elite defende que existam versões de produtos para pobres e para ricos. O jovem da classe C vai ao templo do consumo para ter visibilidade social e usa a internet para ser ouvido pela sociedade.

Por fim, é uma onda de transformações com a qual a sociedade brasileira terá que conviver, simbolizando a inserção social de pessoas da classe C, que ainda constrói espaços e hábitos de consumo mais refinados. Os organizadores estão no youtube como celebridades e lideranças consolidadas e mutantes. Lá e no facebook eles se encontram com seus fãs, se comunicam e lideram os rolezinhos.

Conclusão fatal: a elite terá que construir canais de diálogo com essa nova cara da sociedade que antes éra invisível. Acaba o apartheid brasileiro!

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

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