Durante a campanha eleitoral a população brasileira esteve, durante mêses, diante de duas realidades paradoxas. De um lado os candidatos de situação e do outro lado a oposição, pouco importava quais os partidos estavam de um lado ou de outro, afinal as alianças políticas e partidárias permitidas pela atual legislação tem criado uma verdadeira mixória política e eleitoral. Além disso, existiam os candidatos e partidos que ora estavam do lado do governo ora da oposição.
Assim, era possível ver, por exemplo o candidato a governador como em MT, onde o PDT, que no plano nacional faz parte da base do governo Dilma, sendo praticamente uma sublegenda do PT, fazia parte de aliança com o DEM, PSDB, PPS e PSB que representam as forças de oposição nacional e ao mesmo tempo tinha também em seu palanque o PP, o PV, o PTB e outros partidos “menores”.
No Rio de Janeiro foi possível também depararmos com alianças exdrúxulas, onde o candidato a Senador , eleito, Romário do PSB fez dobradinha com o candidato do PT a governador e pouco se emepnhou no primeiro turno para a eleição da candidata Marina, do PSB/Rede, Da mesma forma vários candidatos a deputado federal e estaduais do PMDB e do PDT não faziam campanha para Dilma, contrariando orientações de seus partidos que fazem parte da base do governo. Este quadro foi uma constante em todos os Estados.
Voltando ao início desta reflexão. O eleitor foi bombardeado o tempo todo, principalmente durante o horário eleitoral “gratuito” , principalmente nas peças publictárias de TV, produzidas pelos marqueteiros dos candidatos, principalmente para os cargos executivos de Governadores e de presidente da República onde a realidade era extremamente dourada, quase como em “Alice no país das marvilhas”, quando se tratava da propaganda do governo. Ou então a imagem de um país e estado como um caos, em crise permanete, com muita corrupção, incompetência governamental, descontrole das contas públicas, crescimento da violência e por ai afora.
O povo, principalmente as pessoas que estão no grupo dos desinformados e também dos analfabetos políticos, além dos que dependem das migalhas dos programas assistencialistas de governo, exatamente a parcela mais vulnerável e excluida da população, acabou decidindo em função das propagandas televisivas, de rádio e também dos inflamados discursos em palanques e bem menos em função dos debates entre candidatos e das propostas ou planos de governoque não foram apresentados para reflexão por parte da população.
Em todos os níveis, tanto os candidatos a deputados estaduais, quanto federais , senadores, governadores e Presidência da República, com raríssimas excessões, não apresentaram planos de governo , não puderam ou quiseram analisar os reais problemas e desafios nacionais. Faltaram propostas conretas, claras, exequíveis e possíveis para a definição de políticas públicas e estratégias decorrentes para mudar a realidade nacional e estadual. Isto foi regra em todos os Estados e também na campanha presidencial.
Os governos estaduais, tanto os que foram candidatos a reeleição ou apoiaram algum candidato quanto os que se opunham aos governantes de plantão, da mesma forma que o Governo Federal, tentaram desesperadamente esconder a realidade, manipular dados e informações, usando até mesmo a mentira como arma e instrumente de propaganda eleitoral.
Mas como está escrito na bíblia, “conhecereis a verdade e ela vos libertará”, passadas as eleições a realidade brasileira aparece nua e crua com todas as suas mazelas, como para acordar o povo, principalmente para aquela parcela dos eleitores que decidiram sob o canto da sereia. A inflação continua, as previsões para o crescimento do PIB são piores, os preços das tarifas públicas ou controladas pelo governo estão aumentando, os juros também e os escanalos de corrupção parecem não ter fim. O caos na saúde, os desafios da educação e o descontrole das contas públicas chegam aos limites da irresponsabilidade fiscal.
Esta é a realidade quando o Brasil vai “comemorar” mais um aniversio de proclamação da República e se preparada para dentro de um mes e meio presenciar atônito a “a troca de guarda”, com a certeza que de que 2015 será um ano muito pior do que este que se finda e por aí vamos rumo a novas eleições!
Juacy da Silva, professor universitário, titular e aposentado UFMT – mestre em sociologia
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