O Conselho Estadual da OAB/MT decidiu pelo voto aberto e fundamentado na escolha do novo desembargador pelo Quinto Constitucional. Deu um passo significativo, mas mensurá-lo como avanço em termos absolutos destoa com o que vemos e ouvimos no dia-a-dia dos advogados mato-grossenses.
É impossível calar sobre uma luta há tempos travada e que hoje arrebata discussões calorosas provando que o ideal em trazer a OAB de volta para os advogados não era mero discurso, mas o propósito daqueles têm hoje o tempo por testemunha de que os anseios da classe lá estavam representados, como a eleição direta para o Quinto Constitucional.
No atual contexto, é nítida a percepção que este Conselho assimilou novas propostas e deu um passo significativo. Porém, é preciso compreender as transformações numa perspectiva ampla, em conformidade com as concessões que o momento conjuntural permite, e deles criar novas condições para que possamos ir além, onde estão ancorados os anseios da classe. Nosso tempo está à frente.
As manifestações dos advogados pautam em mudanças estruturais na Ordem, por práticas condizentes com a tradição democrática, por transparência em seus atos e principalmente por uma política institucional que priorize o advogado. Assim, a entidade se fortalece para retornar à vanguarda da defesa das liberdades democráticas, retomando ao posto de sustentáculo das nobres causas sociais.
Na há que distanciar de seus desígnios nem tomar caminhos tortuosos. Há que ouvir o clamor de seus representados e ter coragem para seguir em frente. Se o voto aberto e fundamentado foi possível, então o voto direto para a composição da lista sêxtupla é o avanço histórico que precisamos para pôr nos trilhos firmes da coerência exemplar todo procedimento eleitoral em nossa Casa.
A investidura em tão importante cargo não pode ficar restrita a representação política de interesses momentâneos. A atual conjuntura exige que deva ser objeto de avaliação da maioria da classe. Alijar advogados mato-grossenses dessa discussão não é um caminho sensato, mas um perigoso ardil que pode conduzir à dispersão e ao enfraquecimento maior da entidade.
A prática demonstra que lutar pelos interesses da classe é zelar pelo patrimônio moral e ético que construímos ao longo dos anos, não aceitando imposições e cerrando fileiras com os que defendem os advogados mato-grossenses. O brado da classe retumba na vontade de mudanças necessárias e urgentes.
Os que entendem esse momento sabem que essa é a nossa trincheira, e dela não afastaremos até o triunfo da democracia em nossa Ordem, pois quem é contra ou teme o voto direto, de fato, nem é digno de passar por seu crivo.
Paulo Taques é advogado