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Quatro grandes

Alexandre Garcia
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No telefonema entre Trump e Lula, foi reforçada a ideia de um encontro pessoal. Lula lembrou a possibilidade de se encontrarem na cúpula dos países do leste asiático, na Malásia, dia 26. Lá estarão, como convidados de sempre, os chefes de governo da Rússia e dos Estados Unidos e, obviamente, o integrante do grupo, o chefe Chinês. O Brasil tem extensão territorial apenas menor que Rússia, China e Estados Unidos e Canadá. Está entre os grandes em território. Em população, estamos atrás da China e Estados Unidos, mas bem à frente da Rússia. Em potencial mineral praticamente equiparam-se os quatro, assim como nas demais riquezas naturais. Temos mais energia solar que os outros três, clima mais favorável, ausência de terremotos e vulcões. Por que, então, não estamos entre os quatro grandes, que poderiam se reunir em Kuala Lumpur e decidir sobre a paz, por exemplo? 

É que não temos poderio militar, como os demais, nem poderio econômico, como os demais, embora há poucas décadas estivéssemos bem à frente da China, e tenhamos um gigantesco fator natureza, o primeiro ingrediente para produzir riqueza. Hoje mandamos minério de ferro para a China e importamos de volta trilhos forjados com o nosso minério. Nosso ferro vai para o outro lado do mundo e volta como aço. Somos um país que não administra o que tem. Tampouco estamos entre os quatro grandes porque não projetamos poder político. O chefe de governo do pequenino Israel tem voz mais poderosa que o de Brasília. Há 50 anos, o economista Edmar Bacha cunhou o termo Belíndia: éramos um país pequeno e rico como a Bélgica, mas também um gigante e pobre como a Índia. Hoje a Índia já nos supere longe tem o quarto PIB do mundo.

O que nos falta? Educação, na família. E ensino, nas escolas. Na família, honestidade, verdade, respeito ao alheio, às leis, senso de comunidade, entre tantos outros princípios que tornam a vida melhor e mais fácil. Na escola, os números e as letras, as ciências e o conhecimento do país e do mundo. Não conhecemos sequer o instrumento para argumentar, que é a Língua Portuguesa. Não conhecemos o básico para exercer democracia. Neste momento, por exemplo, o deputado Celso Sabino quer ficar no governo, como ministro do Turismo, sem seguir ordem do seu partido, o União Brasil. Partido e Deputado desconhecem o mais importante: os 142.326 paraenses que lhe deram a procuração do voto para representá-los na Câmara dos Deputados. O Ministro do Esporte, Deputado Fufuca, por sua vez, deixou de lado o partido (PP), e seus 135.078 mandantes, para ter um único mandante: Lula. Representação nenhuma resiste a um desprezo desses. O pior é que o eleitor não sabe que é mandante, nem o pagador de impostos sabe que é o único pagante do que os governos gastam.

A Constituição acaba de completar 37 anos. A falta de respeito à Lei Maior origina o desrespeito a todas as demais leis. E aí impera o arbítrio, a vontade de quem tem o poder de aplicar as ordens, a despeito dos princípios consagrados da democracia. Basta imaginar – como confessou o Ministro Barroso em entrevista – que o “voto impresso era um dos pilares do golpe”. Quer dizer, um comprovante impresso seria alegado para dar golpe, na crença do tribunal que julga com futurologia – um Minority Report. Assim justificou-se um contragolpe agora, como se justificou em 1964, o de que João Goulart preparava um golpe. Motivos do atraso do país em que nem o passado é previsível e que poderia estar entre os quatro grandes, se tivesse cabeça, conhecimento, civilização, para aproveitar o que recebeu da natureza. 

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