Ao assistirmos às cerimônias de abertura dos Jogos Olímpicos, enquanto desfilam, diante dos nossos olhos, centenas de nações representadas por seus mais destacados atletas, somos levados a refletir sobre a magia benéfica das Olimpíadas. O esporte é capaz de congregar, nem que apenas durante a sua realização, as mais díspares culturas, etnias, regimes e economias do planeta, pois isso é do seu espírito original. O idioma utilizado para comunicar-se é o da saudável competitividade. A barreira a ser vencida é o limite do corpo, dos milésimos de segundo ou dos centímetros das marcas recordes.
É evidente que o doping deve ser decididamente combatido.
A Vila Olímpica, apesar das naturais falhas humanas, não deixa de ser protótipo de um mundo melhor. Dizer o contrário seria negar os benefícios que as práticas desportivas trazem. Os desencontros que sempre ocorrem onde atuam os homens existem para ser corrigidos, ora! Lá se respira a diferença. Compartilham-se os sonhos dos jovens de países desenvolvidos, emergentes e subdesenvolvidos. Trata-se de imagem emblemática da globalização do Amor Fraterno que há décadas defendemos e cuja tese mandamos à Organização das Nações Unidas (ONU), numa publicação especial, por ela divulgada nos seus seis idiomas oficiais: árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e russo.
Esse cenário que convida à Paz reporta-nos ao Templo da Boa Vontade, uma das Sete Maravilhas de Brasília/DF, que diariamente vivencia as Olimpíadas do Espírito.
Um pouco de História
Em 1896, o Rei Jorge I (1660-1727), da Grécia, abria em Atenas a moderna fase das Olimpíadas. O imperador romano Teodósio I (347-395) encerrara, em 393 da chamada Era Cristã, o primeiro período dos famosos jogos que imortalizaram Olímpia, cidade situada na parte ocidental da península do Peloponeso. Considerou-os pagãos. Pelo espaço de 1.500 anos a ideia ficou adormecida, até que o Barão Pierre de Coubertin (1863-1937), em 1892, para uma nova época nos esportes, iniciou as providências que, em 1894, levaram ao “Congresso pelo restabelecimento dos Jogos Olímpicos”, o que se deu em 1896 na milenar capital helênica. Milhares de pessoas viram a competição entre treze países em nove modalidades: atletismo, natação, ciclismo, luta, halterofilismo, tênis, ginástica, esgrima e tiro. Participaram 285 atletas. No princípio quase ninguém acreditava na retomada dos jogos. Em Paris, 1900, houve a primeira participação das mulheres: seis concorreram nas provas de tênis. O Brasil ingressou nas competições somente em 1920, em Antuérpia, Bélgica. De lá trouxe a sua primeira medalha de ouro: Guilherme Paraense (1884-1968), pistola automática, na prova de tiro.
Conta a mitologia grega que da luta entre Zeus e Cronos pela posse da Terra nasceram os Jogos Olímpicos, que ao longo de toda a Antiguidade observaram caráter religioso. Em 776 AD, fixaram-se em Olímpia que, também de quatro em quatro anos, promovia uma “reunião de Paz, Fraternidade, cooperação e amizade entre os povos”. Sob a mesma invocação, De Coubertin resgatou aquelas empolgantes disputas para os nossos dias. É dele esta consideração que se tornou conceito máximo das Olimpíadas: “O importante não é vencer, mas competir”.
Boas lembranças
Sempre amei os esportes. Meu pai, Bruno Simões de Paiva (1911-2000), gostava de nadar, remar e fazer musculação. Era um touro.
Recordo-me de que, quando menino, jogava descalço, com meus colegas de infância, futebol no chão de cimento (vejam só!) da vila em que, por um bom tempo, morei. Só de pensar, sinto calafrios na espinha (risos). Os blocos eram separados entre si com frestas suficientes para quebrar os dedos de qualquer um, à menor topada, o que nunca aconteceu. Graças a Deus! E depois há os que não acreditam em milagres (risos). (…) Nadei com meu pai e com o meu primo Orlando, em Paquetá, na Pedra de Guaratiba, Urca, Copacabana, no Rio de Janeiro. Com outros jovens, armava arraiais para a festa de São João, num terreno baldio. Também, andei de bicicleta à beça. Contudo, mais do que isso, apreciava ler e preencher palavras cruzadas. Esta era a minha paixão maior: a leitura, costume desenvolvido pelo forte incentivo do seu Bruno.
Estamos aqui torcendo pelo sucesso de nossos atletas. A eles, dedico este meu pensamento: Todas as vitórias estão decididamente ao nosso alcance pela força do nosso próprio e valoroso trabalho.
José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.
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