É praticamente unânime que a educação é o melhor caminho para solução dos principais problemas brasileiros e mundiais. Neste modelo antropológico em que decidimos viver, sem a universalização do acesso ao ensino de boa qualidade tendem a crescer os indicadores negativos de saúde, de segurança, de economia com todos os desastrosos reflexos decorrentes.
Não há unanimidade, entretanto, na melhor forma de materializar essa universalização do ensino com a qualidade, no tempo desejado e a um custo satisfatório. Então, o que precisamos é discutir muito o tema na tentativa de chegarmos, não ao consenso, que é praticamente impossível, mas, ao menos, às melhores soluções, que são muitas.
E é nessa esteira que a atitude tomada, nesta última quarta-feira (12/03/2014) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ/Senado), pelo Senador Pedro Taques revolta muito. Lá estava sendo discutida uma das soluções necessárias no Brasil para darmos um grande salto de qualidade na educação, trata-se da federalização da educação básica, proposta que poderá ser submetida a voto popular por meio de um plebiscito. É o que prevê o Projeto de Decreto Legislativo (PDS) n.º 460/2013, que a Comissão poderia ter analisado naquela quarta mesmo, não fosse o Sen. Pedro Taques. A proposta, do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), estava sendo debatida, mas o virtual candidato ao governo do estado de Mato Grosso, que é também relator desse importantíssimo projeto, covardemente o retirou de pauta.
É isso mesmo e-leitor, o Senador de plumas de tucano enrustidas, Pedro Taques, agindo mais uma vez pusilanimemente, contrariando os interesses da maioria do povo brasileiro e de seu companheiro de partido, o Sen. Cristovam Buarque, com medo da agressividade do seu ídolo no Senado, Senador do alto tucanato paulista, Aloysio Nunes, que se exaltara com a valente e veemente defesa do projeto feita pelo Sen. Randolfe Rodrigues (PSOL/AP), Taques, simplesmente, assustado e para encerrar o caloroso debate, retirou o projeto de pauta, para alívio do Presidente da CCJ/Senado que não demonstrou, assim como Taques, qualquer interesse na causa.
Obviamente que, o Sen. Taques, Sen. Aloysio Nunes (PSDB/SP) e o Presidente da CCJ, Sen. Vital do Rêgo (PMDB/PB) e muitos outros, estavam de olho no lobby e no apoio dos prefeitos – que com a federalização da educação básica perderiam mais essa fonte de recursos que lhes proporcionam os meios para mais roubalheira – e resolveram a questão da maneira que lhes é compatível, mediocremente.
Essa atitude do Sen. Pedro Taques não me surpreendeu, pois quem o acompanha minimamente desde a sua eleição – para a qual infelizmente também contribuí, na falta à época de melhor opção, enganado que fui também pelo seu disfarce de homem de esquerda apoiador no primeiro turno da eleição de Dilma, defensor da ética e da moralidade – o sabe sem disfarce e sabe da desfaçatez com ele vem reiteradamente virando às costas para os seus eleitores e também para o estado de Mato Grosso.
Esse episódio de traição do Sen. Pedro Taques não foi o primeiro e nem será o último. Lembro-me muito bem da primeira, que foi perpetrada contra a Presidenta Dilma alguns minutos depois do fim das apurações, onde ele, já percebendo que fora eleito, declarou sua neutralidade para o segundo turno presidencial, quando deveria, se fosse minimamente honesto politicamente, retribuir-lhe o apoio, pois fazia dela cabo eleitoral em sua mentirosa campanha ao Senado. Atitude de ruborizar carranca de peroba.
Depois disso, são inúmeros os exemplos de suas traições, desde o conhecido convescote com Blairo Maggi no Manso (quem não se lembra dele atacando Maggi, falando do MT 100% equipado e 20% roubado?) até a atual quebra de compromisso com os seus eleitores de que cumpriria os oito anos de seu mandato no Senado, passando ainda pelas suas reiteradas manifestações de apreço com o que há de mais atrasado na política brasileira e mato-grossense (Aloysio Nunes, Demóstenes Torres, Renan Calheiros, Jayme Campos, Wilson Santos, Antero Paes de Barros, etc.).
Ademais, pergunta-se: o que fez Taques no Senado, como prometera, no sentido de tentar eliminar os inúmeros privilégios que têm os senhores Senadores, além de fazer as mesmíssimas coisas, como por exemplo, empregar filha de um de seus amigos, principal financiador de campanha, envolvido até o pescoço com ilegalidades?
Todos nós já esperávamos esse comportamento do Senador Blairo Maggi ou do Senador Jaime Campos, pois àqueles que neles votaram já sabiam que esses senhores estavam e estão cansados de fazer esse tipo de coisa e se votaram neles é porque toleram e são até cúmplices dessas atitudes, mas é muito diferente no caso do Sen. Pedro Taques, pois, no caso dele, sua eleição se deveu basicamente por seu discurso moralizador, e o mínimo que se esperava do paladino da moralidade do estado de Mato Grosso é que ele se comportasse tal como seus eleitores imaginavam que ele se comportaria e como ele mesmo enfaticamente disse que se comportaria. Ledo engano, ou melhor, perfídia.
Adamastor Martins de Oliveira – engenheiro e advogado em Cuiabá
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Perfídia
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