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O futuro governador de Mato Grosso

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Estamos iniciando nesse começo de 2010 mais uma corrida eleitoral ao posto maior do Palácio Paiaguás. A disputa ao cargo de governador de Mato Groso, diferente de outras épocas, adquiri peculiar característica num contexto de uma acirrada e competitiva disputa entre diversos segmentos partidários.

De certo modo, é inevitável a especulação sobre nomes de possíveis postulantes ao desafio de administrar um estado em franca espansão econômica e com enormes desafios ambientais e sociais. Num estado com uma vasta dimensão territorial, composto por uma heterogeneidade cultural, social, econômica e política, caberá ao futuro mandatário do governo de Mato Grosso, o desafio de estabecer uma mudança radical de mentalidade entre os diversos interesses que perpassam nossa realidade.

Não quero aqui mencionar o "dever de casa" que todo governador e futuro gestor deve ter em função da importância de um cargo como esse. Quero aqui pensar num tipo de perfil do futuro governador de Mato Grosso que estivesse em sintonia com o resgate do sentido tradicional, moral e ético de compromisso do "homem público". Longe de uma utopia, creio que o futuro governador de Mato Grosso deve inicialmente resgatar esse valor do "homem público" naquilo que eu chamaria de coalisão de forças políticas.

Nesse caso, uma característica obrigatória desse futuro governador é deixar transparecer a sua capacidade de agregar forças políticas opostas. Não me refiro apenas a uma capacidade de criar canais de diálogos e meios institucionais de expressão de forças de oposição. É mais que isso! Creio que o perfil do futuro governador deveria inaugurar um jeito novo de se fazer política. Uma política pautada num compromisso político com os diversos segmentos da sociedade matogrossense. E veja bem, esse compromisso político não implica em se tornar "refém político".

O futuro governador deverá se assegurar dessa autonomia da gestão administrativa. Nesse caso, o perfil do futuro governador deve estabelecer como prerrogativa de gestão, o diálogo franco e aberto com todos os setores da sociedade. Mas esse diálogo deve ser institucionalizado e legitimado para um status de secretaria de estado, onde todos os municipios do interior pudessem explicitar seus problemas.

O que não se pode, e ai me refiro a erros de governos do passado, é administrar um estado para um ou dois segmentos da sociedade. É um equívoco confundir o Estado com a Economia. Um estado forte é aquele que ao possuir uma economia forte compartilha seus resultados com toda a sociedade. Um estado forte, se faz com um governo comprometido, que nesse caso, tal comprometimento só pode ser pensado a partir de um perfil de gestor público capaz de estabelecer coalisões político-partidárias, criar um governo participativo e ter como meta uma equidade social.

Como bem já foi dito, Mato Grosso é um estado com um potencial e uma riqueza que o torna uma unidade federativa central no cenário das discussões sobre o desenvolvimento brasileiro. O futuro governador deve ter essa sensibilidade de não fechar o estado dentro de si. Caberá ao futuro governador manter o desafio de colocar Mato Grosso na rota do crescimento nacional.

Essa, a meu ver, será uma tarefa muito difícil, dado aos iguais interesses dos outros estados brasileiros. Mas vejo que Mato Grosso possui um diferencial que pode jogar a favor do futuro governador. Me refiro ao potencial agrícola, ambiental e mineral. Tais fatores colocam Mato Grosso como um ator político de peso no cenário brasileiro.

O futuro governador deve ser então esse homem público com habilidade política e capacidade administratriva de gerir conflitos, pregar a conciliação, plantar o bem-estar social e assegurar o pleno desenvolvimento de um estado que é de todos nós: da baixada cuiabana, do nortão, do araguaia, do pantanal, enfim, um estado verdadeiramente matogrossense.

Professor Oseias Carmo Neves, sociólogo e professor da Unemat/Juara
[email protected]

 

 

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