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O dia dos pobres: um convite à fraternidade e à solidariedade

Dom Mário Antônio da Silva, arcebispo metropolitano em Cuiabá
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No dia 19 de novembro de 2023, a Igreja Católica celebrará o Dia Mundial dos Pobres, uma iniciativa do papa Francisco que visa sensibilizar os cristãos e toda a sociedade para a situação das milhões de pessoas que vivem na pobreza e na exclusão. O tema escolhido pelo pontífice para este ano é uma frase do livro bíblico de Tobias: “Nunca afastes de algum pobre o teu olhar” (Tb 4,7).

Em sua mensagem para o dia dos pobres, o papa Francisco nos orienta que essa frase não é uma resignação diante da inevitabilidade da pobreza, mas um convite à fraternidade e à solidariedade, que devem ser constantes na vida dos cristãos. O papa afirma que os pobres são os “prediletos de Deus”, que nos interpelam com a sua presença e nos chamam a partilhar os nossos bens e os nossos talentos, a fim de construir um mundo mais justo e fraterno.

Somos chamados a compreender as causas estruturais da pobreza, que se agravaram com a pandemia da Covid-19, atingindo de forma desproporcional os mais vulneráveis. O alerta, para todos nós, nos conduz a refletir sobre o individualismo, o consumismo, o relativismo e do indiferentismo, que nos tornam insensíveis ao clamor dos pobres e nos impedem de reconhecer a sua dignidade e a sua beleza.

O papa incentiva a aspirarmos os caminhos para superar a pobreza, que passam pela conversão pessoal e comunitária, pela escuta atenta e respeitosa, pelo encontro fraterno e pelo serviço generoso. Ele nos convida a sair de nós mesmos e a ir ao encontro dos pobres, não como simples benfeitores, mas como irmãos e irmãs, que partilham a mesma humanidade e a mesma vocação à felicidade. Ele nos encoraja a praticar as obras de misericórdia corporais e espirituais, que são expressões concretas do amor de Deus pelos pobres e pelos necessitados.

O dia dos pobres, portanto, não é um dia de assistencialismo ou de paternalismo, mas de comunhão e de participação, de gratidão e de louvor, de compromisso e de esperança. É um dia para celebrar a riqueza dos pobres, que nos oferecem o seu testemunho de fé, de coragem, de alegria e de esperança. É um dia para reconhecer a presença de Cristo nos pobres, que nos diz: “Tudo o que fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes” (Mt 25,40).

Mas o que significa ser pobre? Compreender a pobreza exige um esforço fraterno. Não é apenas uma questão material, mas também espiritual. Há uma pobreza do corpo, que se manifesta na falta de alimentos, de água, de saúde, de moradia, de educação, de trabalho, de direitos, de liberdade, de dignidade. Mas há também uma pobreza da alma, que se manifesta na falta de sentido, de esperança, de amor, de fé, de comunhão, de alegria, de paz.

A pobreza do corpo e da alma estão intimamente ligadas, pois ambas ferem a imagem e a semelhança de Deus que cada pessoa humana traz em si. Por isso, o papa Francisco nos convida a olhar para os pobres com os olhos de Deus, que os ama e os valoriza, que os chama e os salva, que os cura e os liberta, que os consola e os alegra. Olhar para os pobres com os olhos de Deus significa reconhecer neles a presença de Cristo, que se fez pobre por nós, e que nos pede para sermos pobres como Ele, isto é, desapegados dos bens materiais e apegados aos bens espirituais, livres das ambições e das vaidades, abertos à partilha e ao serviço, sensíveis às necessidades e aos sofrimentos dos outros, confiantes na providência e na graça de Deus.

Nesse dia dos pobres temos a ocasião para renovar o compromisso cristão de seguir o exemplo de Jesus, que se fez pobre por nós, e anunciar o Evangelho da caridade, que é o coração da mensagem de Jesus e da missão da Igreja. É um convite para criar uma cultura do encontro, da partilha e da fraternidade, que é o sonho de Deus para todos nós.

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