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O corintiano na estréia da libertadores

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Ufa! Que estréia. O primeiro jogo do Corinthians na Libertadores foi um baita teste de coração. Um jogo típico de Corinthians mesmo. Sofrido, sofrido e sofrido. Um momento que os torcedores estão esperando desde o apito final da Copa do Brasil, que nos garantiu a vaga antecipada ao torneio. Momento que milhares de fanáticos corintianos se prepararam para acompanhar, seja no estádio, num bar ou na casa de amigos, como foi meu caso.
 
O jogo foi o meu primeiro pensamento após abrir os olhos ontem pela manhã (24). Sou daqueles torcedores fanáticos, passional mesmo. Canto, torço, grito, xingo, choro, elogio, enfim, corintiano roxo. No caminho para o trabalho, escutei na rádio que o nosso técnico Mano Menezes tinha apenas uma dúvida para a escalação do Timão, Yarlei ou Matias Defrederico ao lado de Ronaldo e Jorge Henrique no ataque. Seria realmente um dia daqueles.
 
Chego no trabalho com pressa para acessar a internet e conferir tudo sobre o jogo, mas um pauta me atrapalhou. Enquanto escutava uma entrevista, novamente no rádio, do prefeito de Cuiabá, que por sinal é botafoguense, não consegui esconder o nervosismo. As conversas na sala e meu fanatismo me atrapalhavam na concentração da entrevista. O chefe falava de obras, política, e eu só pensava em Corinthians.
 
Fim da entrevista, um alívio, mas momentâneo, pois não tive tempo nem de respirar que o meu coordenador Gladstone me deu outra pauta, dessa vez na rua. Fiquei uma pilha, mas fui. Desencanei um pouco e fui trabalhar. No almoço encontrei com meu pai e o assunto voltou à tona. Escalação, adversário, torcida. Demos uma pincelada no time que entraria em campo pela primeira vez no ano, o time que o Mano considera ideal para o centenário.
 
A tarde passou num piscar de olhos. Meu amigo Luciano me ligou e combinamos o horário para o encontro na casa do Jonatan, reduto corintiano, onde outrora foi nosso local sagrado para assistir jogos do Timão. Passamos no mercado e compramos aquela boa e gostosa “água gelaaadaaaa” para refrescar o ambiente. Lá ainda chegaram mais alguns amigos, todos fiéis, é claro. Hudson, Wanderlei, Fortunato, e até o grande Basílio, herói do título de 1977. O clima de alegria e ansiedade tomou conta. Para dar uma tranqüilizada fizemos um samba até o começo da partida.
 
Uma oração, cantos da torcida, e o jogo começa. Antes do primeiro minuto de jogo vem a ducha de água fria. O Racing abriu o placar. Nem mesmo no pesadelo mais terrorista eu esperava aquilo. Os jogadores em campo e a torcida estavam no mesmo estado. Nervosos e ansiosos. O coração a mil nessa hora. Na sala da casa, qualquer opinião divergente deixava o ambiente mais tenso. Alguns mais sensatos, outros eufóricos e o Jonatan nervoso. Nosso anfitrião queria unidade na torcida, pedia eu as críticas fossem feitas depois. Ali era o momento de torcer.
 
Quando eu já não tinha mais unhas e o Wanderlei cigarros para amenizar o nervosismo, Ronaldo sai da área, domina, passa para Tcheco que de letra deixa o guerreiro Elias na cara do gol. 1 a 1. Explosão de alegria, de emoção. Os olhos lacrimejavam. Hora de tomar mais uma, de palpitar nas estratégias, alterações, quem pode entrar, que deve sair. Com se o Mano pudesse nos ouvir. O Timão pressionava, mas o Racing estava fechadinho. Isso foi deixando aquela impressão de que a bola não entraria sabe, pelo menos eu pensava isso com meus botões.
 
Veio o segundo tempo. Mano tira Defrederico e coloca Souza. Não lembro quem na sala que ironizou. Esse centroavante é sempre muito criticado pelos corintianos, afinal, quase não faz gols. Torcemos o nariz, mas ele entrou no jogo embalado por ter feito dois gols em uma partida do paulistão. Contra tudo e todos ele fez a diferença. Sabe aquela história de queimar a língua, então foi bem isso mesmo. Em outra jogada envolvendo o “Gordo” (Ronaldo) e Tcheco, Souza colocou nosso Elias mais uma vez frente a frente com o goleiro e a rede balançou.
 
As lágrimas contidas no primeiro gol saíram, a comemoração eufórica, a alegria, os amigos reunidos, o Timão vencendo do seu jeito tradicional, fazendo o torcedor sofrer. Se não assim não é Corinthians, se não tiver aquela angústia não vale, por isso somos sofredores mesmo, mas gaviões fiéis de coração. Fanatismo sim, ao extremo, mas uma declaração de amor incondicional. Ser corintiano é diferente. Nossa torcida é única, não existe igual no mundo. Todos os times têm uma torcida, mas nós somos diferentes. A torcida é que tem um time, eternamente dentro dos nossos corações.
 
Sob o efeito do jogo e daquela “água gelada”, cheguei em casa onde minha esposa me esperava com meu filho. Parceira, corintiana também, ao contrário de outras mulheres ela não me aguardava furiosa, mas sim eufórica para me contar um acontecimento. “Amor, quando acabou o jogo eu cantei para Pedro (nosso filho de apenas seis meses) aquela música: ‘aqui tem um bando de louco, louco por ti Corinthians’ e ele deu gargalhadas, ficava me olhando esperando um bis”, me contou.
 
Depois de um dia tenso, de um jogo mais ainda, chegar em casa e ouvir isso foi único. Pedro ainda não fala, mas já nos disse com todas as letras que é corintiano também. Um presente vindo de outro presente na minha vida. Uma emoção que só quem é corintiano tem.
 
Raoni Ricci é jornalista, pai de Pedro e corintiano roxo!
[email protected]

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