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O consumo, eis a questão! (1)

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Há três meses assisti à palestra "Sustentabilidade e o consumo consciente", do Instituto Akatu, num evento sobre responsabilidade social, em Cuiabá. A síntese foi "conscientizar e mobilizar o cidadão brasileiro para o seu papel de agente transformador, enquanto consumidor, na construção da sustentabilidade da vida no planeta". A palestra mostra o sonho comum em 1959: "o sonho que podemos comprar?". Em 1990: "o marketing e o crédito concretizam o sonho", e se pergunta agora: "qual o sonho do século?". A resposta anda próxima de um sonho que o dinheiro não possa comprar, resumida em um termo muito subjetivo, a felicidade, mais ou menos definido como "a felicidade na expressão do humano: afetos, emoções, amizades e amores – expressão de emoções complexas pelas palavras e pela arte".

Surgem duas propostas curiosas, em tempos de consumo exagerado: "altos níveis de consumo não necessariamente produzem altos níveis de bem-estar social, e que é possível alcançar altos níveis de bem-estar sem consumo excessivo". Não se pode falar em consumo sem falar em população mundial. Em 1804 era de 1 bilhão de pessoas, 2 bilhões em 1927 (123 anos depois), 3 bilhões em 1960 (33 anos depois), 4 bilhões em 1974 (14 anos depois), 5 bilhões em 1987 (13 anos depois), 6 bilhões em 1999 (12 anos depois) e previsão de 7,7 bilhões em 2020 (12 anos depois) e de mais 1 bilhão a cada 12 anos no futuro.

Em números do consumo mundial versus população, tem-se que o consumo é o dobro. Isso significa dizer que hoje, em média, o mundo já consome 30% a mais do que a Terra consegue renovar, e apenas 25% da humanidade consome acima de suas necessidades. Traduzindo isso numa relação de consumo versus recursos naturais, o resultado é sério: atualmente se consome 1,3 planeta para manter os níveis de produção para o consumo. Se todos consumissem como os habitantes mais ricos do mundo, quatro planetas Terra não seriam suficientes para atender.

A definição apresentada pelo Instituto Akatu é que "sustentabilidade é a capacidade de suprir as necessidades da geração presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprir as suas. A sustentabilidade existe quando não se consome mais do que se tem, seja em recursos individuais, do planeta ou da sociedade.

A proposição que se apresenta neste momento em que a Cop15 digladia o que vamos fazer no futuro para resolver toda essa equação é sério e complexo, por causa dos profundos interesses e envolvimentos econômicos. O mundo vive de economia e a ela não olha para o planeta e nem para outros parâmetros que não sejam os essencialmente pragmáticos para sua sobrevivência.

Contudo, o que parece inevitável, sob pena daquele 1,3 planeta não resistir e entrar em crise, seria: mudar a sociedade de consumo antes que seja tarde demais. Voltarei ao assunto amanhã.

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso e aecretário adjunto de Imprensa
[email protected]

 

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