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Novos discursos

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De tempos em tempos surge a sensação generalizada de que velhas perguntas precisam de novas respostas, com certo grau de razoabilidade. Na política, isso vem na forma de novos discursos, que representam esse esforço de tradução dos anseios da sociedade, que não necessariamente novos.

De fato, esse é o tempo em que vivemos. O governo Lula foi uma quebra de paradigmas das mais violentas, pasme, exatamente por não quebrar os paradigmas que se esperava. Paradoxo puro! Na esfera estadual, embora não tenha havido essa decepção aguda verificada no plano federal, sabe-se hoje que a tal quebra de paradigmas também se revelou mera retórica eleitoral.

No essencial, o método geral de governar, aqui e alhures, não diferiu essencialmente dos modus anteriores: poder super concentrado na mão de um líder popular e/ou carismático; enfraquecimento do Legislativo, tornado então mero legitimador do Executivo; tratamento clientelista ao Judiciário; e desmobilização social. Eis as leis que regem os governos brasileiros, todos os governos, desde a Nova República, de alto a baixo, ressalvadas raríssimas exceções.

E exceções que vêm de onde menos se esperaria, porque donde seriam naturais, como nos governos das esquerdas, tudo continua como dantes.

As melhores novidades vêm de práticas meramente gerenciais. Institutos como prestações de contas publicamente, pregão eletrônico e certo controle dos gastos públicos são o que há de mais relevante. Claro que são importantes. Mas, não provocam mudanças estruturais, porque essas devem ser conceituais.

Conceitualmente, contudo, continuamos à espera do amanhã, tornado ontem todos os dias, infelizmente.

Esse o dilema que desafia partidos, candidatos e a sociedade às vésperas das eleições desse ano. Vai prevalecer o que – a ética ou a eficiência? Como apresentar algo de novo ao eleitor? Como ativar a zona de interesse do seu cérebro para atrair a sua atenção e, quiçá, o seu voto? Como mobilizar a sociedade antes e durante as eleições, e, sobretudo, depois delas?

A chave para a compreensão da realidade atual passa por essas perguntas, ou melhor, pelas respostas que formos capazes de formular para cada uma delas. Significa que a velha fórmula, de levantar um bom fundo de campanha, comprar meia dúzia de bons cabos eleitorais, tirar uma boa fotografia para os materiais gráficos, contratar um diretor de cinema para fazer os filmes do horário gratuito de televisão, e recrutar um exército de cabos eleitorais para fazer boca de urna proibida no dia D, pode não ser suficiente para levar nenhum candidato à vitória. Isso na perspectiva de partidos e candidatos. Da perspectiva do eleitor vamos nos ocupar opórtunamente.

Kleber Lima é jornalista e Consultor de Comunicação da KGM
[email protected]

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