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Nepotismo

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A cada dia que passa nos indignamos com o absurdo que é a nomeação de parentes em cargos de confiança, que deveriam atender aos princípios do interesse público e não a mera satisfação pessoal dos políticos. Estas nomeações não levam em consideração os requisitos mínimos de capacidade para a execução do cargo a ser ocupado, a maioria das pessoas que são indicadas, não possui conhecimento de determinada área que trabalhará, e conseguem estas indicações sem mérito algum. Pessoas leigas, sem conhecimento profissional, que são chamadas para administrar e coordenar órgãos de extrema utilidade e essenciais a todos os cidadãos matogrossenses.

Além do que, estas pessoas, que ocupam os cargos de confiança, por estarem ligados à política, se sentem na obrigação de beneficiar seus aliados políticos priorizando-os, o que traz prejuízo exclusivamente aos usuários que dependem destes órgãos, que ficam em segundo plano.

O nepotismo também afeta os servidores concursados que trabalham nos órgãos públicos, visto que o nepotismo é a prática de designar o favorecimento de parentes ou cônjuges em detrimento de pessoas mais qualificadas, no que diz respeito à nomeação ou elevação de cargo. Funcionários que possuem conhecimento abrangente nestes órgãos, 20 ou 30 anos de serviço público, que poderiam exercer excelentemente a função de chefe imediato, são obrigados a ensinar chefes que não tem o mínimo de conhecimento, pessoas totalmente leigas que passam a depender, quando não, até se apóiam em funcionários de carreira, que passam a desempenhar funções que seriam de competência do chefe imediato.

A cidade de Sinop não está perto de ser exemplo positivo neste aspecto, pois temos inúmeros casos de favorecimentos que estão ligados aos cargos políticos, que graças à democracia são elegíveis. Mesmo com esta “carta na manga” somos obrigados a presenciar uma eleição onde escolhemos, por maioria de votos determinados políticos, que devido a sua legenda talvez não sejam eleitos, ou o que é ainda pior, antes que estes assumam os cargos são convidados a serem secretários, pedindo exoneração do cargo eletivo, para que seus suplentes possam ocupá-los. Articulações políticas que nos fazem pensar que talvez o direito de voto, o direito de escolher nossos representantes, não seja nosso, seria mais fácil não votarmos nos candidatos e sim nos partidos, pois percebo que é isso que acontece, o partido articulará até eleger quem deseja.

Mesmo com minha pouca experiência e poucos anos de "casa" no serviço público, acho um absurdo à propaganda política que os órgãos públicos desempenham, eles são marionetes para que futuros candidatos, tenham o cargo hierarquicamente mais alto para se promoverem, digamos, “estarem na boca do povo”. Existem políticos que não se sentem inibidos em fazer propaganda dentro destes órgãos, reuniões que os servidores e principalmente os estagiários, que são constrangidos a estarem presentes nestas convocações, digamos obrigatória, para presenciar acordos políticos.

Sinto-me lesada e ofendida moralmente por ter sido convocada para algumas destas reuniões, das quais, apenas uma me fiz presente, inocentemente, ocasião em que não sabia do que se tratava, e quando me dei conta estava diante dos “pedintes de voto”.

Todos temos nossas convicções, alguns defendem seus candidatos e partidos até que a morte os separe, não podemos ser coagidos, mesmo porque vivemos em um país em que temos uma legislação eleitoral que serve de exemplo, em contra partida temos estas situações escandalosas que pioram pela propaganda pessoal que estes parentes fazem aos seus favorecidos, muitas vezes nos coagindo a votarem nos seus “padrinhos”.

Que os órgãos públicos em que trabalhamos possam ser dignos de serem chamados de "casa" em virtude do tempo que passamos ser superior ao que passamos em nossa própria residência.
Espero também que a população ajude a evitar o nepotismo, que denunciem, e que estes casos e seus responsáveis sejam apurados e penalizados para servirem de exemplo, para assim termos órgãos públicos que não sofram pelas constantes alterações dos chefes, pelo simples fato de acordos políticos ligados ao favorecimento de parentes ou filiados, pois o nepotismo é o grande vilão, mas não é nosso único problema.

Afinal de contas à administração pública direta e indireta, teoricamente, deve obedecer aos princípios de legalidade, moralidade, eficiência, publicidade e impessoalidade, ou seja, tudo deve ser realizado de acordo com a lei, com a moral e equidade, que sejam assegurados o melhores resultados possíveis, que estes atos devem ser, obrigatoriamente, públicos e por fim a atuação deve voltar-se ao atendimento impessoal, ainda que venha a interessar a pessoas determinadas, não devendo a atuação ser atribuída ao agente público e sim à entidade estatal.

Flávia Nunes Rondon é estudante de Direito em Sinop

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