quarta-feira, 24/abril/2024
PUBLICIDADE

Não podemos desistir do Brasil nem da política

(*) Nilson Leitão foi vereador e prefeito de Sinop, deputado estadual e federal por Mato Grosso e atualmente é consultor da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) - [email protected]
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

O regime político, na ciência política, é o nome que se dá ao conjunto de instituições políticas por meio das quais um Estado se organiza para exercer o seu poder sobre a sociedade.

O Brasil já foi Colônia, Monarquia Constitucional (Dom Pedro I e Dom Pedro II), Ditadura (Regime Militar) e Presidencialista. Hoje, continuamos a ter um regime político presidencialista, chamado de Presidencialismo de Coalizão.
Onde o sistema político brasileiro de República Federativa Presidencialista, ou seja, o chefe de Estado é eleito por voto popular direto e temporário e esta modalidade de Federação. Os estados detêm, pela letra constitucional, autonomia política e administrativa, com competências concorrentes, justamente para ter as flexibilidades que cada unidade precisa e ser uma democracia plena e descentralizada.

O pensador e historiador Charles de Montesquieu desenvolveu esse sistema em seu livro “Espírito das Leis”, em 1748, se baseando na afirmação de que “só o poder freia o poder”. Este sistema é conhecido por freios e contrapesos, uma forma de modelar o que se conhece como poderes serem independentes e harmônicos entre si. Escreveu que, para não haver abusos, é necessário, por meios legais, dividir o poder em Executivo, Legislativo e Judiciário.

E qual é o nosso Sistema Econômico? Capitalismo ou Socialismo? Em nossa Constituição traz que o sistema econômico brasileiro é o Capitalismo, e para isso prevê, no art. 170, a propriedade privada, a livre iniciativa, livre mercado, liberdade econômica – que são bases do Capitalismo, sem a intervenção do Estado; mas, também, temos a valorização do trabalho, defesa do consumidor, proteção ao Meio Ambiente, liberdade de expressão, entre outras garantias – todas com especial atuação do Estado – uma linha do Estado do Bem-Estar Social.

Assim, a Carta de 88 protege a propriedade privada de bens, produção e admite a livre concorrência da iniciativa privada, no entanto, confere prioridades nos valores do trabalho humano, sobre todos os demais valores da economia de mercado, ao mesmo tempo que intervém com a intenção de salvaguardar a liberdade, com fundamento na justiça social, ou seja, um sistema híbrido, um pouco embaralhado, capitalismo, com regras do bem-estar social.

Uma mudança em regime de governança ou sistema econômico, remetem ao caminho de uma Nova Constituinte para modificar e rever cláusulas Pétreas, o que não há clima político para tal. Assim avançamos. Alguns dizem que a mãe das crises é a crise política; já outros vêem as crises como oportunidades, travamento ou colapso. Por isso devemos ficar alertas, vigilantes.

Assistimos, hoje, a pessoas pedindo o fechamento do Congresso, do STF, pedidos de Impeachment do Presidente, de Ministros do Supremo. Isso é uma espécie de pandemia política em meio a uma crise de saúde e outra econômica, com sinais de que será a pior crise das últimas décadas, talvez do século. Então, questiono: será que tem espaço para discutir o sistema político nesse momento? Acredito que um país dividido deveria ser assunto do impeachment passado, pelo qual tanto lutamos, para libertar o Brasil do discurso no qual o PT dividia nosso povo num tal de “Nós contra Eles”, praticamente um Apartheid Social.

Infelizmente, não foi exatamente o que ocorreu. Não está havendo harmonia entre os poderes, entre os entes federativos, o bate-boca é geral; enquanto a determinação legal e oficial é pelo isolamento, a recomendação verbal é pela liberação. A guerra política está estampada nas redes sociais e na imprensa. O Covid-19 virou tema ideológico de disputa entre economia x saúde; que tipo de remédio deve ser usado; quem está certo, quem está errado… A resposta mais real – e a mais cruel – talvez tenha sido a dada pelo atual Ministro da Saúde: “Estamos no Escuro”. Não seremos mais os mesmos no pós-pandemia, mas tomara que estejamos – e precisamos estar – unidos para reconstruir nosso país das consequências que serão deixadas por essa crise.

Embora alguns acreditem que a política não esteja trazendo a solução para os problemas vividos hoje – ao contrário, está potencializando a crise -, no fundo precisamos enxergar com clareza que somente a política poderá nos tirar desta situação e nos conduzir a dias melhores, dentro da lei, da ordem e do progresso.

Não podemos desistir da política nem da lei, como não podemos desistir da vida nem da esperança. Não podemos desistir do Brasil!

COMPARTILHAR

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Mais notícias

Sem dúvida nenhuma

As pessoas esquecem-se da simplicidade da vida adiando decisões,...

Da Constitucionalização do porte e uso de drogas

O Senado Federal aprovou em segundo e último turno...

G20: Manejo Florestal um caminho para mitigar as mudanças climáticas

Compartilho algumas reflexões sobre um tema de extrema relevância...

A medula da Constituição

Estamos precisando ler a Constituição com a mesma frequência...