Todos os anos a "mídia", os analistas, os religiosos de diferentes credos, enfim, todo mundo costuma realizar um balanço do ano que está prestes a se findar e também realizam seus prognósticos sobre o novo ano que deve "chegar" em breve. Este ciclo se repete todos os anos. As superstições e o pensamento mágico parece que dominam essas análises e essas projeçoes ou prognósticos. A razão maior parece ser a incapacidade que temos em dominar o futuro ou o nosso "destino". Algumas pessoas são tão ingênuas que acreditam que papai noel existe e que se derem uns pulinhos ou jogarem flores ao mar ou nas águas as coisas ruins irão desparecer em um passe de mágica. Outras imaginam que o tempo é feito de cortes marcados pelos calendários.
Essas formas simplórias de refletir sobre a realidade tem dois efeitos. Primeiro, mantém o povo em um estado de alienação profunda, tornando-o passivo e contibuindo para que aceite a realidade mansa e docilmente, imaginando que as mudancas ocorrem por determinacao de deuses, denôminos ou outras forcas impossíveis de controlar. Segundo, facilita a perpetuação dos donos do poder no comando da vida política e administrativa nacional.
Há poucas semanas o Ministro Mercadante, da ciência e tecnologia, fez um vaticício um tanto fatalista, resssaltando o óbvio e em minha opinião, revestido de um certo cinismo, ao declarar que neste e em outros verões pelos anos seguintes, muita gente vai morrer fruto das catástrofes naturais, como se a mãe natureza tivesse vontade e impusesse aos pobres e miseráveis que ocupam áreas impróprias para moradia, nas encostas de morros e margens de córregos, eximindo os governantes atuais, passados e futuros pela inexistência de uma política habitacional e outras políticas públicas que pudessem oferecer mais dingnidade a milhões de brasileiros.
Durante este primeiro ano de mandato a presidente Dilma encenou uma "faxina" sempre que ministros ou altos dirigentes do poder executivo federal iam sendo pegos envolvidos em casos de corrupção. Coube a mídia trazer a luz do dia essa roubalheira que acontece em nosso país. Todos os estados e centenas ou milhares de municípios também não ficaram atraz em casos e mais casos de corrupção.
Até mesmo a impoluta justiça, cujo símbolo é emblemático, uma estátua com olhos vedados, também abriu suas entranhas, culminando pela chamada "crise do judiciário" onde o epicentro da mesma é o embate entre o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e alguns ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e associações de magistrados, em relação ao poder investigativo e punitivo da Controladoria daquele órgao, que foi criado para exercer as funções de controle externo do poder judiciário, estabelecido na Constituição Federal.
Em Mato Grosso durante este ano que está chegando ao fim convivemos com várias denúnicas de corrupção, uso indevido do dinheiro público, a crise na agecopa, os land hover, o imbróglio do VLT x BRT e denúncias de práticas incorretas de servidores graduados do Ministério das Cidades, cuminando pelo escânalo das cartas de crédito, pelas escutas telefonicas.
Este espaço é pequeno demais para destacar apenas alguns simples exemplos do que 2011 trouxe ao povo brasileiro. E imaginar que 2012 será o ano das eleições municipais, onde muita grana vai ficar escondida nos "caixa dois", muita compra de voto, enquanto a justiça discute se a Lei da Ficha Limpa vai valer ou vai ser defintivamente sepultadoa como mais um sonho de verão.
A pergunta que o povo faz é se todas essas patifarias, incompetência, roubo do dinheiro público, impunidade, a violência generalizada que assusta o povo brasileiro, o caos na saúde, a baixa qualidade da educação, milhões de pessoas morando em favelas e dezenas de milhões sem saneamento básico adequado vão continuar?
Ao povo, que sempre paga a conta, além de suas orações, suas superstições, seus pensamentos mágicos e sua alienação, seus três pulinhos e abraços gostosos quando a contagem regressiva anunciar que 2012 chegou, ao povo cabe mais do que isto. Cabe votar corretamente, indgnar-se, organizar-se e combater tudo de errado que existe em nosso país, principalmente a forma de gestão que tantos males tem feito `a sociedade brasileira. Só assim podemos dizer que as mudanças irão ocorrer e vamos colocar um ponto final na continuidade de tudo de errado que acontece na vida nacional.
Juacy da Silva – professor universitário, mestre em sociologia, colaborador de Só Notícias,
justicaesolidariedade.zip.net
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