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Mar de lama

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Estamos nos aproximando dos  eleições gerais no Brasil. Dentro de seis meses os eleitores deverão escolher os futuros dirigentes nacionais e estaduais. Serão milhares de deputados estaduais, deputados fedearis, um terço dos senadores, governadores e vice-governadores, presidente e vice-presidente da República. Enfim, a “nata” da política brasileira.
Existe uma legislaçao simbolizada pela “ficha limpa” que, teoricamente, deveria impedir que candidatos corruptos ou com condenação criminal transitada em julgado, possam ou devam  ser barrados ,evitando-se que corruptos e malversadores do dinheiro público possam ser reeleitos ou eleitos.

Quando aparece  um corrupto , já eleito, a culpa acaba sendo transferindo ao povo que não saberia escolher e para justificar tal transferência de culpa existe um adágio que afirma “cada povo tem o governo que merece”. Todavia, pouco se diz dos fatores que ainda permitem que corruptos  sejam eleitos ou reeleitos e que, depois de empossados, possam orgnizar seus governos (federal e estaduais, e por extensão, também no plano municipal) loteando e aparelhando a administração pública com seus correligionários, amigos, compadres, companheiros/camaradas de seus partidos ou aliados, enfim, com sua turma. Afinal,é assim que são pagos os gastos de campanha, seus financiadores e apoiadores.

Da mesma forma pouco de diz sobre  o fato de que os partidos, seus caciques e donos, nas reuniões fechadas, muitas nas caladas da noite, em  gabinetes, em  telefonemas ou mensagem de textos, algumas cifradas que nem a NSA (serviço de inteligência Americana) consegue grampear , ouvir ou decifrar. Esses são os famosos esquemas, onde para definir as candidaturas, principalmente a cagos majoritários, muita coisa suja acontece e passa pelo ralo por onde escoa a verdadeira lama da democracia, tão decantada, principalmente nos últimos dias.

A  definição das candidaturas, principalmente para os cargos  majoritários, transcorre em um ambiente que mais se parece um grande  mercado persa ou no que poderia se considerado as cavernas onde se reuniam Ali Babá e os quarentas ladrões ou os 300 picaretas como Lula se referia a certas práticas de negociações políticas.
Somente depois que os partidos, seus donos, caciques ou correligionários fazem  tais acertos, muito longe da participação popular verdadeira e com a transparência que qualquer democracia exige, onde os partidos tem milhões de filiados e a escolha se faz com previas públicas, verdadeiras eleições livres, é que o eleitorado brasileiro pode se dar ao luxo de escolher em quem votar. E aí a escolha, confesso, fica muito dfícil, pois os esquemas que vão ser criados tanto para as  campanhas quanto para o loteamento dos futuros governos jamais são conhecidos dos eleitores. Neste sentido as eleiçoes longe de ser uma festa da democracia é um verdadeiro circo, onde o povo acaba sendo sempre o palhaço.
Outro aspecto que favorece este mar de lama  em que a administração pública brasileira está atolada há décadas, principalmente após a redemocratização do país e a homologação da Constituição cidadã, com a chamava Ulisses Guimarães, é a lentidão da justiça brasileira, em todas as suas instâncias. A maioria dos processos que investigam denúncias de corrupção demoram anos ou décadas para serem concluidos e os corruptos possam cumprir  suas penas, ficarem reclusos do convívio social e “devolverem” o dinheiro roubado dos cofres públicos ou das grandes empresas estatais.
Enfim, é muito triste para o povo brasileiro ser bombadeado por verdadeiras campanhas publicitárias que tentam louvar as “excelências” de uma democracia de fachada, onde o povo   em  geral e não apenas uma parcela diminuta de ativistas  e militantes políticos ou ideológicos sejam vimas.

O povo brasileiro continua sendo torturado nos porões de aparelhos de repressão policiais, touturado pela ineficiência e baixa qualidade de serviços públicos , pelo caos da saúde, pela vergonha que é nossa educação, pela violência sem trégua que aterroriza e mata pessoas de bem  e inocentes, por uma infra-estrurtura que onera o processo de produção, pelo excesso de burocracia, onde são criadas dificuldades para venderem facilidades, pelos apagões do setor de energia, pela falta de água, enfim, pela ausência de um planejamento estratégico para o país, para os Estados e municípios.
Tudo isso regado a bilhões  que governantes corruptos desviam dos cofres públicos para obras faraônicas superfaturadas e uma enorme carga tributária, uma das  maiores do muno. Será que isto é uma democracia de verdade ou um regime que esraviza o povo e em lugar de dignidade são oferecidas migalhas na forma de”pão e circo”?

Juacy da Silva, professor universitário, aposentado UFMT,  mestre  em  sociologia
[email protected]

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