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Juventude, riscos e a violência

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"O comportamento de risco leva à situação de risco. Podemos citar drogas, violência, más companhias, iniciação sexual precoce, prática sexual desprotegida, evasão escolar e inatividade como problemas". Por jovem, entende-se a população entre 15 e 29 anos. Por exemplo, na faixa de 15 a 17 anos, apenas 48% frequentam o ensino médio, sendo que todos deveriam estar no colégio. Na faixa de 18 a 24 anos, só 13% estão no ensino superior. A frase é do livro "Juventude e Políticas Sociais no Brasil", lançado nesta terça-feira em Brasília, pelo Instituto de Pesquisas Aplicadas, do Ministério do Planejamento (IPEA).

As pesquisas vastamente divulgadas no país mostram, também, que entre os 15 e os 24 anos está se formando um vácuo de jovens do sexo masculino, vitimados por algum tipo de violência. Ou como produtores, ou como vítimas da violência.

Por isso, gostaria de voltar aqui a um assunto recorrente: família e educação. Nessa ordem. Mas, antes, lembro do exemplo dos Estados Unidos, espalhado pelo mundo depois da segunda guerra mundial que acabou em 1945. Durante a guerra toda a economia norte-americana voltou-se para produzir comida, armas, munições, equipamentos e veículos para a guerra, vendidos à Europa, que estava a cada dia se destroçando mais. Os homens foram para o campo produzir comida e as mulheres, como aqui na época, donas de casa, foram para as fábricas. Depois de 1942, com o ataque à base marítima de Pearl Harbour, os jovens foram para a guerra.

Depois de 1945, a Europa e o Japão arrasados pela guerra, compravam comida e bens de consumo dos Estados Unidos, que se tornariam a partir dali a maior economia mundial. O que tem isso a ver com o tema proposto? As mulheres norte-americanas continuaram necessárias na indústria, no comércio e nos serviços, e os homens no campo e na indústria. Havia um vácuo de juventude, por causa da guerra. Mas para manter esse esquema econômico de altíssima produção, o país criou a escola de regime integral, coincidindo com o horário de trabalho dos pais.

Num dos períodos, ensinava-se a educação básica, e no outro a cidadania e as habilidades como música, artes manuais, teatro, literatura e tudo o mais que formasse o caráter do aluno e o seu comportamento social. Os resultados estão aí.

O Brasil também cresceu muito durante a guerra exportando alimentos para os Estados Unidos e este para o mundo. Depois de 1945 o Brasil deu um salto de desenvolvimento com a industrialização e a urbanização em massa da sua população rural. Mas a escola continuou em horário parcial. Na década de 70 as mães foram para o mercado de trabalho e os filhos ficaram meio período na escola e o outro sem rumo.

O resultado está aí, na primeira frase e no conteúdo do livro, vítimas da violência e sem destino, o que, aliás, é assunto para um próximo artigo.

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso e secretário adjunto de Comunicação/Secom-MT

 

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