PUBLICIDADE

Justiça que incomoda

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Foi só anunciar a intenção de mandar abrir inquérito para apurar um suposto envolvimento de tucanos de alta plumagem e de grupos empresariais reconhecidamente ligados ao PSDB com o esquema criminoso do ex-comendador João Arcanjo Ribeiro, e o juiz federal Julier Sebastião da Silva passou a ser alvo de constantes ataques. O Senado e a OAB-MT, pelo que se lê nos jornais e nos sites, viraram púlpitos para políticos e advogados revoltados mirarem no magistrado, acusando-o, sobretudo, de abusos de poder e outras coisas menos nobres.

Quem sou eu para defender aqui o titular da 1ª Vara Federal de Cuiabá? Contudo, acredito que o juiz Julier Sebastião e o procurador da República Pedro Taques (hoje atuando no Ministério Público Federal em São Paulo) fizeram muitos inimigos por aqui pelo simples fato de terem, com toda a coragem que tem faltado a muitos integrantes do Poder Judiciário e da Segurança Pública, desbaratado o império do crime que era comandado pelo outrora temido “comendador” João Arcanjo Ribeiro. Além de terem chamado a atenção de certos empresários, autoridades e agentes públicos para o fato de que a Lei existe e foi feita para ser cumprida.

O juiz Julier Sebastião é responsável pelos processos que apuram os crimes de Arcanjo. Recentemente, o procurador Pedro Taques deixou muita gente cismada ao afirmar, em entrevista num programa de TV, que, para a “Arca de Noé” (a operação conjunta com a Polícia Federal que desbaratou a quadrilha do ex-bicheiro), por assim dizer, naufragar de vez, é necessário que a Justiça conclua as investigações que, inevitavelmente, levarão ao braço político do crime organizado em Mato Grosso. Supõe-se que, abrindo-se mais essa caixa preta do crime organizado, sobrará para certos políticos, muitos dos quais vislumbram nas eleições de 2006 uma ótima chance de ganhar (ou assegurar) a imunidade. E, obviamente, de se livrar da cadeia.

É só alguém falar em ligações políticas com o caso Arca de Noé e surgem, no cenário, pessoas e grupos manifestando a sua mais solene revolta contra as ações da Justiça, principalmente a Federal, que tem tido a coragem suficiente para combater o crime organizado e empreender uma caça sem trégua aos políticos safados.

A simples menção do nome do ex-comendador, no atual estágio de pré-campanha eleitoral, tem sido motivo para determinados líderes políticos viverem momentos de tensão. A extradição do ex-capo do crime organizado, pelo que se nota, é ponto pacífico. E tudo isso é colocado na conta de Julier Sebastião e de Pedro Taques. Suspeita-se, até, que para grande parte dos políticos que adquiriram projeção (e fortuna) graças às maracutaias feitas em conluio com o ex-bicheiro seria bem melhor se ele ficasse para sempre no Uruguai, onde está preso e aguarda o momento de vir para Mato Grosso, onde passará a viver às custas do contribuinte.

Particularmente, acho que essas duas autoridades têm o reconhecimento de parcela considerável da sociedade mato-grossense pelo trabalho corajoso que empreenderam até agora. Ambas foram (e são) corajosas e corretas o suficiente para lutarem contra a impunidade, que, ao longo dos anos, aqui em Mato Grosso, tem sido a maior responsável pelo elevado índice de violência. E pelas falcatruas que causaram rombos consideráveis nos cofres públicos estaduais.

Atitudes corretas têm que aplaudidas. E o juiz Julier Sebastião, ao lado do procurador Pedro Taques, sem dúvida, representa um dos lados bons da Justiça, aquele que segue a máxima de que a Justiça é para todos.

OMBUDSMAN – O prefeito Wilson Santos (PSDB) anuncia uma mini-reforma administrativa para valer a partir de 2006. E entre as mudanças cogitadas está a criação da figura do ombudsman, uma espécie de ouvidor com cargo de secretário. Ombudsman é uma palavra sueca que significa representante do cidadão. Nos países escandinavos, designa o ouvidor-geral, função pública criada para canalizar problemas e reclamações da população. Na imprensa, o termo é utilizado para designar o representante dos leitores dentro de um jornal. Caso Wilson Santos dê a independência que se fará necessária para o ouvidor desempenhar suas funções, ele (prefeito) certamente vai ter noites de insônias diante de tantas reclamações sobre sua administração.

Antonio de Souza, jornalista, é consultor de Comunicação da Oficina do Texto – Marketing e Assessoria de Imprensa, em Cuiabá.

COMPARTILHAR

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Mais notícias

Naturalidade versus artificialismo

Independente do estado em que se encontre hoje, é...

Ultraprocessados podem afetar seus hormônios?

Nos últimos anos, os alimentos ultraprocessados passaram a ocupar...

Viver

É provável que a realidade do suicídio já tenha...

Conquistas Merecidas

Há escolhas que fazemos muito antes do primeiro passo....