PUBLICIDADE

Instituições republicanas

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Há diferenças essenciais entre a República democrática e a monarquia. Na República, o Chefe de Estado é escolhido pelo povo e não por algum critério hereditário. Na República, o presidente não é vitalício como o monarca, mas exerce mandato, ao final do qual transmite o cargo ao sucessor eleito. Finalmente, na República, as instituições devem servir ao Estado e não ao governo e o patrimônio público não deve ser confundido com o dos dirigentes estatais.

Evidente que essas condições somente são respeitadas quando há democracia. Existem pelo mundo algumas autointituladas repúblicas que não passam de mal disfarçadas monarquias hereditárias e ditatoriais.São exemplos:a Coreia do Norte, Cuba, Síria e algumas nações africanas.

No Brasil, a Constituição de 1988, a mais democrática de nossa história, viabilizou a fortalecimento das instituições republicanas. Prestigiou o Parlamento, fortaleceu o Ministério Público, assegurou autonomia ao Poder Judiciário, ampliou as competências dos Tribunais de Contas e fixou limites para a atuação discricionária dos governos, proclamando direitos individuais e coletivos e elegendo princípios a serem observados pela administração pública. Desde então, presenciamos notáveis progressos.

Ademais, a realização de concursos públicos para órgãos como a Receita, a Polícia Federal e a Controladoria Geral da União, entre outros, tem contribuído para que essas entidades tenham uma atuação mais técnica e profissional e menos sujeita aos humores políticos dominantes a cada momento. Em diversas operações, têm sido identificadas irregularidades atribuídas a altos funcionários ou autoridades, independentemente de sua vinculação a partidos governistas ou oposicionistas. A apuração e o julgamento de tais fatos pela Justiça e/ou pelos Tribunais de Contas expressa o exercício de suas missões institucionais e revela o amadurecimento do Estado Democrático.

Em sentido contrário, os nostálgicos da ditadura e aqueles de índole autoritária, que só prezam a democracia como artifício retórico ou tático para a conquista do poder, constantemente buscam debilitar as instituições estatais e subordiná-las a conveniências de grupos ou partidos. É assim que abusam de medidas provisórias esvaziando a função legislativa, multiplicam pressões e agressões contra magistrados que ferem interesses poderosos e articulam alterações constitucionais para reduzir as competências do Ministério Público e dos Tribunais de Contas. Por vezes, alguns são pilhados utilizando as instituições do estado a serviço de causas pessoais, quebrando o sigilo fiscal de adversários políticos ou utilizando informações reservadas para auferir ganhos econômicos.

Recentemente, assistiu-se um episódio surpreendente. Um ministro de Estado, chefe da Advocacia Geral da União – AGU, compareceu a uma sessão do Tribunal de Contas da União – TCU para fazer a defesa de uma gestora. Observem: não era a defesa da União ou do Tesouro, ou sequer de uma empresa estatal, mas a defesa pessoal de uma dirigente cuja atuação era objeto de questionamento. Naquela situação, o TCU identificou um prejuízo ao patrimônio público estimado em 792 milhões de dólares e examinou a responsabilidade de diversos gestores. Ora, o papel da AGU é a representação da União no campo judicial e extrajudicial, bem como as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo federal. A assessoria jurídica que a AGU poderia ter prestado à Petrobras era para evitar o prejuízo da operação de compra de uma refinaria no Texas e não promover a defesa dos que praticaram os atos irregulares que conduziram ao prejuízo. Afinal, o art. 61 da Lei 8.443/1992 prevê que cabe à AGU promover as medidas necessárias ao arresto dos bens dos responsáveis julgados em débito com o erário.

Como as demais instituições republicanas, a AGU deve estar a serviço da nação e não de eventuais governantes e dirigentes.

Luiz Henrique Lima –  auditor Substituto de Conselheiro do TCE-MT – graduado em Ciências Econômicas, Especialização em Finanças Corporativas, Mestrado e Doutorado em Planejamento Ambiental, Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia.

COMPARTILHAR

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Mais notícias

Estupidez no trânsito – uma inimiga mortal

Que tempos são esses que não podemos mais falar...

Naturalidade versus artificialismo

Independente do estado em que se encontre hoje, é...

Ultraprocessados podem afetar seus hormônios?

Nos últimos anos, os alimentos ultraprocessados passaram a ocupar...

Viver

É provável que a realidade do suicídio já tenha...