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IDH: ainda falta muito

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Uma  das questões  mais complexas  em relação ao desenvolvimento  econômico e social e com repercussões na política,  ao longo de mais de cem anos, tem  sido o que há mais de 20 anos o PNUD- Programa  das Nações Humanas para o desenvolvimento cunhou  como IDH  ou índice de desenvolvimento  humano.

Este indicador tem a vantagem de mensurar o grau de desenvolvimento levando-se  em consideração renda, saúde, logevidade e  educação. Neste sentido é um indicador que revela os niveis de desigualdade entre os diferentes grupos sociais  e permite tambem a comparação entre os diversos países  ao estabelecer tanto a pontuação quanto o “ranking” (classificação)  entre os mesmos

Como um indicador composto  o IDH consegue captar nuances  que  a renda  per capita acaba mascarando. Além deste aspecto  existe uma elevada correlação entre o IDH e o índice de gini, por  exemplo, que é um dos mais utilizados indicadores para  mensurar a desigualdade de renda e a proporção que cada grupo  se apropria da  renda nacional. Quanto maior o índice de gini mais desigual é a sociedade ou o país.

Apesar do progresso e dos avanços sociais e econômicos que o Brasil tem experimentado nas últimas cinco décadas,  nosso país ainda figura entre os dez países  com pior distribuição de renda, riqueza e oportunidades,  bem distante da sétima posição que ocupa quando o referencial é o PIB nacional. Isto significa que vários  outros países que há quatro ou cinco décadas  estavam praticamente iguais ao Brasil em nível  de desenvolvimento humano, experimentaram transformações  estruturais muito mais profundas que o Brasil. Exemplos típicos são a Coréia do Sul, a China, a Índia, a Turquia e o que vem ocorrendo com a Indonésiae  também  na África do Sul, nossos mais próximos concorrentes no contexto internacional.

O último relatório do PNUD (2014) com o IDH mais recente, coloca o Brasil na 79a.posição,  pouco melhor do que a 80a. posição ocupada em 2013 e muito pior do que a 63a. conforme relatório de 2005. Entre 2005 e 2013 (dados que serviram de base para o último relatório) o Brasil aumentou apenas 39 pontos, saindo de 705 para 744. Neste  sentido, a   média anual de pontos foi de apenas 5 pontos.
No mesmo período, a Turquia, por exemplo  passou de 687 para 759 pontos, o mesmo aconteceu com outros países como a China  que pulou de 645 para 719, aumento de 74 pontos, a Argentina que passou de 758 para 808, aumento de 50 pontos ou a índia que saiu de 483 para 586, um aumento de 103 pontos.

Esses  e outros países  tem experimentado mudanças mais profundas de suas  estruturas econômicas, políticas e sociais e melhoria de ranking no IDH  muito superior e mais rápido do que o Brasil. Se considerrmos o rítimo dessas mudanças no Brasil e o que acontece emdiversos outros, nosso país vai precisar de 37,8 anos para atingir a pontuação que a Austrália já conseguiu em 2014; 34,0 anos em relação aos EUA, 25 anos quando comparado  com a Espanha; 29,4 anos em relação a  Coréia do Sul, 15,6 anos em relação ao Chile, 12,8 quando a referência  é a Argentina.  Isto demonstra que ainda  temos um longo caminho para atingir os patamares que esses países já alcançarm há anos.

O PNUD  apresenta também  em seu último relatório (2014) o índice global de desingualdade humana, utilizando a proporcionalidade entre os grupos dos 20% de maior  renda e os 20% na parte de baixo da pirâmide econômica e social.  O índice de desigualdade humana do Brasil é 26,3, significando que a camada dos 20% mais ricos em nosso país possui 26,3 vezes mais renda e riqueza do que o total abocanhado pelos 20% mais pobres. Na verdade, os dados utilizados peloPNUD em 2014 diferem bastante dos da UNICEF relativos a 2008, quando o grupo dos 20% mais ricos do Brasil abocanha praticamente 58.7% do PIB enquanto os 20% mais pobres ficam com apenas  de 3% do PIB  Isto significa que a desigualdade no Brasil em  certos aspectos  tem piorado,apesar das políticas compensatórias do Governo.

Quando desdobrados pelos três  componentes do IDH verificamos que nosso índice de desigualdade em termos de expectativa de vida é de 14,5  (a longevidade dos mais pobres é muito menor do que dos mais ricos), refletindo níveis diferentes de acesso aos serviços de saúde e saneamento); de educação é de 24,7 (da mesma  forma a escolaridade média dos ricos é muito mais elevada do que dos pobres). No  entando, a maior desigualdade é de renda, com índice de 39,7, resultado muito semelhante ao índice de Gini que para o Brasil em 2013 foi de 54,7. Nesta dimensão o Brasil ostenta a 10a. pior posição entre 182 países em termos de concentração de renda e de desigualdade econômica, muito pior do que países  considerados muito mais atrasados do que o nosso como Senegal, Etiópia, Serra Leoa, Burundi. Entre os 102 países que integram  os grupos de desenvolvimento  humano muito alto e alto (onde o Brasil está incluido), nosso país  é o penúltimo em termos de índice de Gini (100a. posição)e  também perde par vários outros dos grupos com médio e baixo IDH.
Este é um enorme desafio que só será  vencido se  houver uma mudança  muito profunda de modelo de desenvolvimento, de políticas públicas e ações correspondentes. Mudança  só de discurso não altera da realidade nacional.

Juacy da Silva, professor universitário, titular aposentado UFMT, mestre  em sociologia
[email protected] 
www.professorjuacy.blogspot.com 
Twitter@profjuacy
 

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