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Horário de verão: mais uma sobrecarga para a sociedade

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Até há poucos anos atrás todo o sistema de geração de energia no Brasil era estatal, e devido a insuficiência de energia o governo adotou algumas vezes o horário de verão em algumas regiões. Depois da onde de privatizações de FHC o sistema ficou dividido entre o setor privado e o público; no entanto o crescimento da demanda sempre superou a oferta no Brasil. Privatizado a maioria da estatais problemáticas do setor elétrico, e de outros setores, logo os novos donos partiram para um gerenciamento eficiente e em pouco tempo as companhias ampliam a margem de lucro. Mato Grosso representa menos de 2% do PIB nacional, esse número não justifica a adoção de um horário de verão que penaliza a grande maioria da classe média e trabalhadora que levanta cedo. E a sociedade é forçada a aderir horários malucos para satisfazer o lucrativo setor de energia elétrica e a falta de gestão do setor de energia brasileiro.

Uma pesquisa encomendada pelo governo de Mato Grosso em novembro de 2003, fez com que o chefe do palácio Paiaguás não aderisse ao horário de verão em 2004. A pesquisa foi realizada pelo “Instituto Vetor entre os dias 19 e 21 de novembro/04, em quatro regiões do Estado, revelou que 64,6% da população não aprovam a adoção do novo horário, contra 32,5% que a aprovam e 2,9% que não souberam ou preferiram não responder. Foram ouvidas mil pessoas das regiões Sudoeste (18,5%), Centro-Sul (26,0%), Sudeste (20,1%) e Norte (36,4%), totalizando 43 Municípios com maior densidade populacional. Apenas a região de Barra do Garças (508 km a Leste de Cuiabá), na época localizada no Araguaia, não foi consultada, uma vez que lá era praticado o horário de Brasília, estando, portanto, acompanhando o Estado de Goiás, que utiliza o Horário de Verão”.

Conforme o site www.virtual.epm.br a mudança de Fuso Horário ou Jet Lag compreende a experiência de alteração do rítmo circadiano (relógio biológico) mais comum das pessoas. Esta situação ocorre quando uma pessoa viaja através de várias zonas do tempo (ou fusos horários). Por exemplo, um típico vôo do Brasil para a Europa pode produzir sintomas desagradáveis por até uma semana ou mais. Estes sintomas incluem dificuldade de iniciar e manter o sono, sonolência diurna, indigestão, irritabilidade e dificuldade de concentração.

Os inconvenientes do horário de verão: 1 – Força a coletividade a levantar uma hora mais cedo, sem que haja necessidade; 2 – Desencadeia um processo de síndrome de atraso, pois muda todo o comportamento de sociedade em favor de uma minoria de beneficiados, no caso os acionistas da empresa energética; 3 – Diminui o aprendizado das crianças, crianças sonolentas no turno da manhã; 4 – Dá a falsa idéia que a noite ainda é cedo pois os relógios estão adiantados, leva as pessoas a dormirem mais tarde e levantam cansadas; 5 – Aumenta o risco de stress e acidentes de trabalho; 6 – Desgasta o relacionamento pessoal, pois aumenta a irritabilidade; 7 – Faz a sociedade sentir-se massa de manobra, pois não foi realizado nenhum plebiscito a respeito do assunto; 8 – Entra em um círculo vicioso a adoção do horário, como uma espécie de tradição desajuizada; 9 – Aumenta os acidentes na estrada.

A mudança de horário causa grandes transtornos para a população e na região norte e centro-oeste a economia é insignificante, devido ao pequeno número de indústrias, penaliza a sociedade e não traz resultados práticos. E a mudança no fuso horário de alguns estados da Região Norte poderá resultar em uma pequena economia de energia para o país. A avaliação é do Professor de Física da Universidade Federal do Acre (UFAC) Francisco Eulálio Alves dos Santos, conhecido como professor Magnésio. Segundo ele, a economia de energia não é o principal objetivo da mudança, mas, será uma conseqüência da alteração.

Se a energia é paga, é dever de quem a oferta fazer os investimentos, e mesmo na região sul e sudeste que tem grande consumo, não precisaria a adoção de horário de verão se esta atribuição de investimento para quem tem as concessões fosse levada a sério. Conforme a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, a capacidade instalada de geração de energia em Mato Grosso em relação ao sistema no Brasil é de 1,98%, isso significa que é irrelevante numa eventual economia no sistema de energia no Estado de Mato Grosso e que não terá grandes efeitos na adoção do horário de verão. Além de Mato Grosso, Estados como do Macapá que gera 0,27% da energia do sistema, Maranhão 0,25%, Tocantins 1,47%, Acre 0,14%, Ceará 0,74%, Rio Grande do Norte 0,50%, Paraíba 0,06%, Amazonas 1,97%, Espírito Santo 1,40%, Roraima 0,11% e Piauí não compensa aderir ao horário de verão tendo em vista que a economia é muito pequena e o transtorno social grande.

O argumento que se propala no ar, que devido o sistema financeiro das regiões sul e sudeste ser diferente de Mato Grosso, e que isso atrapalha as transações comerciais diárias, é conversa furada, por que cada região tem que resolver os seus problemas em cima de sua realidade geográfica e dos horários mundiais existentes.

No Brasil, existe muita coisa forçada, obrigação de votar que é livre em alguns países, confiscos, compulsórios, um rolo compressor que não houve o cidadão. O Brasileiro às vezes engole, mais sabe que o seu direto está sendo ultrajado. Exemplo: Nos Estados Unidos e outros países o voto é facultativo, vota quem deseja, no Brasil é obrigatório. No ano 2000, horário de verão é uma decisão de colônia. Desde final dos anos 80 no governo Sarney, e na era FHC o governo iniciou um discurso da necessidade de se privatizar, para readequar a máquina governamental, seguindo uma tendência mundial, visando cortar gastos públicos, para que o próprio contribuinte não continuasse pagando a conta; bem até aí parece que tudo está bem; e em nome da modernidade se partiu para as privatizações na área de energia elétrica e outros setores.

Na realidade o horário de verão é apenas o deslocamento do horário de pico industrial ou da demanda energética para uma hora mais cedo, na prática muda pouca coisa. Pois nas residências enquanto é cedo é necessário também acender as lâmpadas, empatando a economia da tarde com o consumo da manhã.

Sem entrar no assunto do projeto de lei que deseja mudar o horário de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul definitivamente para horário de Brasília, é outro absurdo que merece ser discutido em outro momento. Como fala o Boris Casoy, isso é uma vergonha!

Renato Korski é economista e consultor de empresas.

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