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Há luz no fim do túnel

Toninho de Souza - jornalista, vereador por Cuiabá e ativista social
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Um tema no topo das preocupações nos dias atuais é a depressão. Aliás, faz tempo que se fala nesse mal que só em meados do século passado passou a ser considerado como doença. Na Grécia antiga, o filósofo Hipócrates já dizia que a melancolia era um estado de humor que abraçava a tristeza e a irritação.  Na Idade Média foi relacionada a um estado de espírito da filosofia. Às vezes, é também associada a arte e a genialidade. Ainda hoje, não compreendemos totalmente essa doença.

Por tantas vezes ouvimos dizer que as pessoas que praticam atividades físicas ficam mais protegidas da depressão. Empresto a famosa citação do poeta romano Juvenal usada por ele como parte de uma resposta sobre o que as pessoas deveriam desejar na vida: Mens sana in corpore sano. A intenção era lembrar aos cidadãos romanos que numa oração deveriam pedir saúde física e espiritual. Um corpo são proporciona ou sustenta uma mente sã e vice-versa. Talvez, quisesse dizer que vida saudável e espiritualidade também ajudam na cura de doenças.

Não sou médico para me aprofundar no assunto, logicamente, mas Juvenal foi bem coerente. Praticando esporte, se alimentando bem e levando uma vida social e espiritual saudável é possível que afastemos o fantasma da depressão. Enquanto jornalista estou credenciado a investigar, questionar e opinar. Na verdade, qualquer pessoal preocupada com o coletivo e o bem comum deve fazer isso e salvar não apenas corpos, mas, almas. Sejam eles corpos e mentes sãs, ou não.

Desde 2018 que a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que até 2020 a depressão será a doença mais incapacitante do planeta. Nos últimos dez anos cresceu cerca de 10% no Mundo. Na América Latina o Brasil é o campeão de casos. A doença por aqui, segundo a OMS, afeta quase 6% da população ou um total de 11,5 milhões de pessoas. É quase quatro vezes a população de Mato Grosso.

A situação pode ser bem mais grave se todos os casos fossem registrados clinicamente. Em 2015, por exemplo, a Saúde Pública registrou 18,6 milhões de casos de transtorno de ansiedade. Além do reflexo negativo na vida das pessoas, há o prejuízo incalculável para a economia. No caso do afastamento do trabalho por depressão, alija também as pernas da Previdência Social que se vê obrigada a pagar benefício por incapacidade decorrente da atividade profissional.

O fato é que a depressão é mais do que sentir-se triste. É uma doença que pode acometer qualquer pessoa, independentemente da idade. Enquanto pais, empregadores ou amigos, precisamos compreender o significado desse mal para podermos ajudar em tempo hábil e utilizando técnicas adequadas para resgatar vidas da depressão. Sabemos que a enfermidade está relacionada a fatores emocionais, ambientais, relacionais e sociais. Em muitos casos, leva o doente ao suicídio. Precisamos estar preparados para uma intervenção, se necessário.

Com um pouco de sabedoria podemos até evitar que pessoas próximas a nós sejam acometidas. Em todo caso, deve se procurar ajuda de especialistas médicos. Além disso, não esqueçamos o peso da fé. Nem é preciso pesquisa para saber que a espiritualidade ajuda muito nesses casos, como sugeriu o poeta romano. Sou membro ativo da Igreja Batista Nacional (IBN) e sou testemunha dessa relação, principalmente por meio de pessoas depressivas que frequentam o culto nas quintas-feiras, destinado a cura e libertação. Muitas delas retomam suas vidas.

É natural passar por tempos de tristeza, desemprego, desajuste familiar e tantos outros problemas contemporâneos que podem nos levar a uma depressão. Adoeceu, conte às pessoas próximas e busque ajuda. Nunca se isole. Além das benesses da medicina, saiba que a fé também pode contribuir para restaurar a alegria e a vontade de viver. A depressão não é o fim. Pode ser o começo de uma nova vida. Acredito que há luz no fim do túnel.

 

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