Desde 1983, o lixo produzido em Colíder, era amontoado de forma desordenada em uma área pública, a "céu aberto", próximo ao principal trevo de acesso da cidade e distante apenas 1.600 metros do perímetro urbano. Assim o "Lixão", como era chamado, permaneceu por mais de 22 anos. Durante este tempo, o lixo – de fato – significava sujeira, poluição, desperdício econômico e riscos à saúde pública, uma vez que, depositado em espaço impróprio e insustentável, não havia a mínima segurança, proteção ao meio ou cuidados para com as pessoas que o manuseava.
Todo tipo de resíduos coletados na cidade era despejado no local. Assim, efluentes doméstico, transportados em caminhões autofossas, eram depositados em valas comuns, que, sem nenhum acompanhamento e controle técnico, acabaram por contaminar o solo e os aquíferos existentes nas imediações, provocando degradação ambiental.
O lixão não possuía nenhum controle de acesso. Pessoas de todas as idades, inclusive crianças, reviravam o lixo – diariamente – em busca da sobrevivência. Ao terem contato direto com os diversos resíduos ali depositados, ficavam expostas a contaminação e acidentes de toda ordem.
Para garantir espaço de estocagem do material que se avolumava rapidamente, o lixo era queimado todos os dias, provocando grandes nuvens de fumaça tóxica e focos de incêndio nas pastagens das imediações, a ponto de comprometer a qualidade do ar na cidade. As nascentes de água, que fazem parte do abastecimento urbano, localizadas próximas ao lixão, foram contaminadas. Portanto, ao comprometer a qualidade desta agua, gastava-se mais para torna-la potável e pronta para o consumo, já que o não tratamento punha em risco a saúde da população colidense.
Em 2005, logo no primeiro ano da Gestão do prefeito Celso Banazeski, a administração estabeleceu um Programa de Gerenciamento Integrado dos Resíduos Sólidos Urbanos e, na medida de sua implantação, o lixão foi desativado, ocasião em que se inicio um processo de recuperação ambiental, com aterramento e recomposição vegetal na área.
Este programa estabeleceu uma nova realidade na história de Colíder, com a instalação do Aterro Sanitário e uma Usina de Triagem e Compostagem, devidamente autorizados e licenciados pela SEMA – Secretaria Estadual de Meio Ambiente.
Desde sua concepção, em essência, o programa, passou a transformar resíduos sólidos urbanos em matéria-prima para reutilização e reciclagem industrial. Mais postos de trabalho foram criados e o volume de resíduo não aproveitável diminuiu, minimizando os impactos ambientais.
A implantação do Aterro Sanitário, da Usina de Triagem e Compostagem, a aquisição de caminhões coletores (um em parceria com a fundação Banco do Brasil), as intensas campanhas educativas – em parceria com escolas públicas – a fixação de lixeiras seletivas – parceria com o Rotary Club – em áreas pública da cidade, além dos mutirões de limpeza pública, realizados todos os anos, contemplaram as fases do gerenciamento integrado dos resíduos sólidos, estimulando a coleta seletiva, como alternativa econômica viável e ecologicamente sustentável.
No ano de 2007, a administração municipal iniciou as primeiras conversações com as pessoas que tiravam o sustento do antigo lixão, apresentando as novas normas de procedimento, incentivando a formação de uma associação de catadores, capacitando os com cursos sobre gestão e operação de usina de triagem e compostagem. Na nova organização, a Prefeitura passou a fornecer transporte e alimentação para os trabalhadores inclusos.
Com a iniciativa e apoio integral do Poder Público, e a participação da população colidense, que aderiu à cultura da separação do lixo, os catadores, diferente da situação vivida no lixão, passaram a se organizar de forma coletiva, na separação e comercialização dos produtos, obtendo trabalho digno e renda para sustento.
Ao recolher regularmente o lixo seco (plástico, vidro, metal e papelão), e atender a todos os bairros e a área comercial de Colíder, a coleta seletiva tornou-se uma realidade. Grande parte do sucesso alcançado deve-se as campanhas de conscientização, fazendo a população refletir sobre os ganhos de uma cidade limpa, sem as queimadas domésticas, com destinação adequada dos resíduos. Atualmente são recolhidos em média 4.000 kg/dia de material reciclável.
Com ações dessa natureza a administração construiu uma relação sinérgica entre a população e o meio ambiente, demonstrando responsabilidade com o futuro sócio ambiental da Amazônia e contribuindo para a melhoria da saúde pública. Ademais, oportunizou trabalho e renda para as famílias de catadores e melhor qualidade de vida para a nossa gente.
O funcionamento do aterro sanitário, a usina de triagem, a coleta seletiva participativa, a recuperação ambiental do antigo lixão e a organização dos catadores, são exemplos de ousadia e protagonismo compartilhado, entre poder público, sociedade civil organizada e população em geral.
Mais que "transformar lixo em luxo", a mudança de mentalidade e a atitude coletiva ante ao desafio colocado, produz aqui nosso maior ganho.
Assim, juntos, estamos escrevendo uma nova história em Colíder!
Celso Paulo Banazeski – prefeito de Colíder.