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Farinha pouca

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É engraçado como todos nós quando nos sentamos entre amigos e pessoas a nós ligadas,temos a total liberdade de criticarmos. Jogar pedra no telhado dos outros é fácil mesmo!
Viramos para um amigo e esbravejamos “…aquele é um corrupto de primeira, já fiquei sabendo de uma coisa que ele fez e tal (sic)…” no mesmo tom que recriminamos “… como ele pode fazer isso, com tanta gente precisando de míseros reais para matar a fome? E ele lá curtindo do bom e do melhor com milhões do povo…”
Todos nós aprendemos que a ética deve ser seguida quando lidamos e cuidamos de seres humanos. Homens públicos então, esses sim deveriam tomá-la como bandeira e fazê-la tremular. Ó lindo pendão da esperança!
Mas o que essa terra de gente (muito trabalhadora, e isso ninguém pode negar)faz e se mantém fazendo,é exatamente o que renega: Deixa a ética de lado, quando olha pro seu umbigo e, de quebra, ainda nega o valor do ser humano quando não é o seu sangue.
Ora, quando o câmbio estava fixado pelo Governo federal e o dólar não flutuava no mar das especulações, o que os “GRITANTES DO IPIRANGA, (sic)” pediam era que ele pudesse flutuar para que subisse e potencializasse os lucros dos seus investimentos.
Ora II, ter lucrado alto quando esse mesmo dólar estava nas alturas do espaço, e ao invés de amortizar a dívida ou,quitar parte dela, os “GRITANTES” aplicavam ainda mais na compra de terras, principalmente a do vizinho e na aquisição de bens tangíveis e móveis que acabam como o papel moeda que o originou.
Assim como vários outros motivos que os aproxima dos umbigos…
Eu penso o que um cidadão de bem, ético faria numa situação de dívidas e aperto como essa dos que “GRITAM”: talvez ele se desfizesse de um bem material para não ficar com o nome sujo na praça, talvez esse ostentasse menos e quitasse mais, talvez ele diminuísse os seus gastos em prol de uma quitação de suas dívidas…enfim.
O que sei mesmo é que não é nada ético pedir, mendigar. E pior: se sentir no direito de exigir do governo ajuda de novo para renegociar uma dívida já renegociada antes. Podendo agir como um cidadão de bem que quita suas dividas e assume a sua incompetência administrativa e não tem medo de falar que errou. É fácil jogar pedra no telhado dos outros mesmo.
Fora a esdrúxula situação de manter centenas de caminhoneiros, pais de família, sem condições de higiene,comida,família, saúde, trabalho, todos numa espécie de cárcere privado, impedidos de ganhar o seu pão, da sua família, dos seus filhos; cerceados no direito fundamental de ir e vir, por que os “gritantes histéricos” não vão deixar que eles sigam, sob ameaças de retaliações, danos materiais, físicos enfim.
Mas para que pensar na ética e nos outros, já se sabe: QUANDO A FARINHA É POUCA, O MEU PIRÃO QUE VENHA PRIMEIRO!

Espero que uma opinião contrária a interesses influentes ainda tenha lugar na democracia sem censura da imprensa.

Rodrigo Soares de Freitas é policial rodoviário federal em Sorriso, professor de educação física e mestrado em atividade física para a terceira idade

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