Esta semana promete muito em termos de discussão das questões internacionais que mais de perto afetam os diversos países e territórios com assento na 68a. Assembléia Geral da ONU em New York. Atendendo uma agenda bem preparada com antecedência, onde estão incluidas questões como a não proliferacão de armas nucleares; a Guerra civil na Síria e a celeuma em torno do uso de armas químicas apesar de as mesmas já terem sido proibidas há mais de sete décadas; uma avaliação do que foi conquistado nas propostas do Objetivos do Milênio e o que deve ser feito após 2015, quando a agenda deve ser concluida; questões ambientais, direitos humanos , desemprego mundial, fome e a recuperação econômica global, devem ocupar a maior parte do tempo dos chefes de Estados, de governos e inúmeras e enormes delegacões durante esta e as próximas semanas.
A praxe determina que o primeiro pronunciamento de abertura de todas as Assembléias Gerais deva ser proferido pelo ou pela Chefe do Estado Brasileiro, seguindo-se os demais pronunciamentos das autoridades que representam seus paíse: presidentes eleitos, monarcas, ditadores, enfim, quem esteja representando tais países.
Nesta condição coube `a Presidente Dilma abrir a fila dos pronunciamentos, uns bem alentados e longos, outros mais curtos e reduzidos em escopo. Neste contexto a nossa Presidente aproveitou a deixa para apresentar aos participantes da mais alta cúpula mundial sua indignação pelo fato de os EUA terem realizado espionagem eletrônica/cibernética contra autoridades e empresas nacionais, apesar de o Brasil não possuir grupos terroristas e nem exercer ações de beligerância contra outros paíse, principalmente nossos vizinhos.
Disse de forma clara que "exigiu" do Presidente dos EUA explicações e até mesmo um pedido de desculpas no que não foi atendida de forma como gostaria, razão pela qual estará propondo `a Asembléia Geral da ONU que inclua esta questão na pauta das discussões, possivelmente na próxima, pois a pauta da presente Assembléia já foi preparada há meses, antes da chiadeira da Presidente Dilma, do Senado da República e de partidos políticos, principalmente dos que fazem parte de seu governo.
Além desta questão, nossa presidente referiu-se `as várias políticas e programas de seu governo e de seu antecessor, como se estivesse fazendo uma prestacão de contas de suas ações e pleiteando votos para continuar `a frente do país. Falou sobre desemprego, saúde, educação, fome, miséria, meio ambiente, direitos humanos e vários outros temas. Falou também sobre as manifestações de massa dos últimos meses, de sua origem e de seus auxliares diretos nas lutas pela democracia e mudanças, combate `a ditadura etc.
A única coisa que a Presidente Dilma esqueceu de falar, pois não mencionou uma única vez sequer, foi sobre a indignação popular contra a corrupção que corre solta nas estruturas do Governo Federal, desde 2003 quando o PT e seus aliados tomaram de assalto e aparelharam as estruturas do Governo. Nada foi ditto sobre o maior escândalo que tem tomado muito tempo da Justiça brasileira e com uma grande probabilidade deverá ser a maior pizza de nossa história.
Em seu discurso logo após a Presidente Dilma, OBAMA deu também o seu recado ao afirmar que soberania não pode ser um escudo para promover massacres contra seu próprio povo ou para colocar em risco os interesses de outros países, de seus aliados ou da comunidada internacional. Para Obama as relações internacionais devem estar ancoradas na diplomacia, nas leis internacionais, no multilateralismo, no diálogo mas também no uso da força quando necessário. O recado foi bem claro, só não o entende quem se fizer de mouco.
Pelo andar da carruagem, com excessão de alguns periódicos que nutrem há bastante tempo posições anti-americanas, o discurso de nossa Presidente não teve grande repercussão entre os chefes de governo e de estado . Praticamente ninguém vai "comprar" as propostas de nossa Presidente, pois todos os países desenvolvidos e também os emergentes sabem muito bem que espionagem é coisa rotineira nas rela,cões internacionais e que a cibernética é o novo teatro de Guerra do século XXI.
Neste contexto cada país que desejar zelar e ter sua soberania respeitada deve deixar de reclamar, utilizar-se de bravatas e preparar-se científica e tecnologicamente para enfrentar esta nova Guerra. No caso brasileiro é lamentável que o governo somente tome conhecimento de que existe espionagem através do noticiário da imprensa. A indagação que se faz é a seguinte: o que os serviços de inteligência e contra-inteligência do Brasil estão fazendo para informar `a nossa Presidente sobre o que se passa no mundo e também ao seu redor? Inclusive em seus email e seus telefonemas?
Com discursos, mesmo que sejam "inflamados" como quando dos palanques eleitorais, nossa soberania não será defendida, cada país e cada governo deve agir mais e ir além dos pronunciamentos pomposos!
Juacy da Silva, professor universitário, mestre em sociologia.
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