PUBLICIDADE

Endometriose e vitamina D

Giovana Fortunato é ginecologista e obstetra, docente do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do HUJM e especialista em endometriose e infertilidade no Instituto Eladium, em Cuiabá 
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

A endometriose é uma condição ginecológica crônica que afeta cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva. A doença ocorre quando o tecido que normalmente reveste o útero internamente cresce fora dele, causando dores intensas, queixas urinárias, intestinais, dor pélvica crônica, e em casos mais graves, infertilidade. 

Trata-se de uma doença complexa que ainda não tem cura, mas há evidências crescentes de que a vitamina D pode ajudar a reduzir os sintomas. No entanto, pesquisas recentes mostram que a vitamina D também desempenha um papel importante na regulação do sistema imunológico e na inflamação. 

Como a endometriose é uma doença inflamatória crônica, acredita-se que a vitamina D possa ajudar a reduzir a inflamação e aliviar os sintomas.

Um estudo publicado em 2021 no Jornal de Investigação Endocrinológica mostrou que mulheres com endometriose têm níveis significativamente mais baixos de vitamina D do que mulheres saudáveis. 

Outro estudo, publicado em 2022 no Jornal Europeu de Ginecologia e Obstetricia e Biologia Reprodutiva descobriu que mulheres com endometriose que receberam suplementos de vitamina D tiveram uma redução significativa na dor pélvica e na inflamação.

A vitamina D é comumente encontrada em alimentos irradiados, um pouco presente na gordura do leite, fígado, gema do ovo, salmão, atum e sardinha. Mas, é importante ter ciência de que a vitamina D dietética para ser absorvida e sintetizada é necessária à exposição à luz solar, usando a luz ultravioleta e o colesterol da pele. Para que ocorra a sintetização ela precisa passar por duas hidroxilações que ocorrem no fígado e nos rins resultando em calcitriol (1,25[OH] 2D3) que funcionam como um hormônio esteroide. A vitamina D dietética é absorvida com outros lipídios nas micelas e no intestino, para assim seguir os próximos processos para sua absorção.

Além disso, a vitamina D também pode ter um efeito positivo na fertilidade. Um estudo publicado em 2017 evidenciou que mulheres com endometriose que receberam suplementos de vitamina D tiveram uma taxa de gravidez significativamente maior do que mulheres que não receberam suplementos.

No entanto, é importante ressaltar que a vitamina D não é uma cura para a endometriose e que mais pesquisas são necessárias para entender completamente a relação entre elas. 

Além disso, a dose ideal para mulheres ainda não foi estabelecida e deve ser determinada individualmente. 

A melhor maneira de obter vitamina D é através da exposição ao sol. A pele produz vitamina D quando exposta à luz solar direta. Mas muitas pessoas não recebem exposição suficiente ao sol devido ao trabalho interno e ao uso de protetor solar. 

Alimentos como ovos, peixes gordurosos e leite fortificado com vitamina D também são fontes de vitamina D, mas geralmente não são suficientes para atender às necessidades diárias.

Suplementos de vitamina D também estão disponíveis e podem ser uma opção para mulheres com endometriose que têm deficiência do nutriente. 

No entanto, é importante consultar um médico antes de tomar qualquer suplemento, pois altas doses de vitamina D podem ser tóxicas. 

Como fica claro, a relação entre vitamina D e endometriose é bastante próxima. O nutriente pode desempenhar um papel importante na redução dos sintomas da endometriose, graças ao seu efeito anti-inflamatório e regulação do sistema imunológico. Portanto, o consumo de vitamina D tem efeito benéfico às pacientes com dor pélvica devido suas propriedades anti-inflamatória e antioxidante. No entanto, dada a heterogeneidade e a diversidade dos estudos disponíveis, são necessários mais trabalhos para esclarecer outros benefícios da suplementação de vitamina D em mulheres com endometriose.

Embora mais pesquisas sejam necessárias para entender completamente a relação entre a vitamina D e endometriose, é recomendável que as mulheres com esta condição conversem com um médico sobre a possibilidade de tomar suplementos. 

Além disso, é importante manter uma dieta equilibrada e obter exposição suficiente ao sol para garantir níveis saudáveis de vitamina D. Baseado na análise do consumo de nutrientes através da alimentação das mulheres, observa-se que mudanças de hábitos de vida e práticas alimentares saudáveis podem ser benéficas no risco de desenvolvimento da endometriose, além de reduzir os sintomas clínicos causados pela doença.

COMPARTILHAR

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Mais notícias

Naturalidade versus artificialismo

Independente do estado em que se encontre hoje, é...

Ultraprocessados podem afetar seus hormônios?

Nos últimos anos, os alimentos ultraprocessados passaram a ocupar...

Viver

É provável que a realidade do suicídio já tenha...

Conquistas Merecidas

Há escolhas que fazemos muito antes do primeiro passo....