Segundo Wikipédia, a enciclopédia livre. O Dia da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro no Brasil e é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A data foi escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. O Dia da Consciência Negra procura ser uma data para se lembrar a resistência do negro à escravidão de forma geral, desde o primeiro transporte forçado de africanos para o solo brasileiro (1594).
Fazendo uso do meu direito de leitora deste nobre jornal eletrônico, discorro um assunto pertinente que me faz voltar meus pensamentos ao passado para relatar um fato que marcou muito minha vida escolar e que hoje questiono. Estudei em um dos melhores colegio do Paraná onde cursei da 1ª série até o término do ensino médio, por um periodo de 12 anos fiéis de estudos e nunca tivemos um dia dedicado expressamente ao “dia da conciência negra.” Naquele tempo não muito tempo atrás, pois ainda não tenho meio século, não precisavamos de um dia dedicado ao conciência negra para saber que tinhamos que respeitar o proximo dentro dos limites de cada um. Que meu direito terminava quando começava o direito do próximo.
Tínhamos como suporte teórico duas disciplinas que nos orientava como nos comportar diante da sociedade que era a (OSPB) Organização Social Politica Brasileira e (EMC) Educação Moral e Cívica. Diante destes presupostos a consciência de si mesma ou auto consciência nos alertava a capacidade de julgar ações, e de escolher, dentre as circunstâncias possíveis, de nosso próprio caminho na vida.
Para melhor compreender esta síntese, veremos mais a fundo a liberdade, os valores e o homem propriamente dito, sobre sua consciência diante destes conteúdos. O que é valor? Há o mundo das coisas e o mundo dos valores. Mas não podemos dizer que os valores são da mesma maneira que as coisas são. Isto é, não existe o valor em si enquanto coisa, mas o valor é sempre uma relação entre o sujeito que valora e o objeto valorado. A conseqüência de qualquer valoração é, sem duvida, dar regras para a ação prática. Assim, se o ar é um valor para o ser vivo, é preciso evitar que a poluição atmosférica prejudique a qualidade desse bem indispensável. Se a credibilidade é um valor, não posso estar o tempo todo mentindo, caso contrário às relações humanas ficariam prejudicadas. Se os valores não são coisas, pois resultam da experiência vivida pelo homem ao se relacionar com o mundo e os outros homens, talvez pudéssemos concluir que tais experiências variam conforme o povo e a época.
Dentro do ponto vista, tais valores existem para que a sociedade subsista, mantenha a integridade e possa se desenvolver. Ou seja, a moral existe para se viver melhor. Talvez essa afirmação cause espanto, se considerarmos que as regras morais são concebidas como condição de repressão humana, sendo, assim, geradoras de infelicidade. Isso também é verdadeiro, mas só enquanto deformação da moral autêntica e em contexto diferente daquele que se está considerando aqui.
Podemos acrescentar aqui um ditado que diz que a consciência é sempre a consciência de alguma coisa e não dela mesma ou de seus estados assim os fatos da consciência integram-se no comportamento do homem permanente é a adaptação ao meio e à realidade. Será que precisamos ter um dia especialmente dedicado á consciência para sabermos que devemos respeitar os outros independentes da sua etnia?
O termo “negro” pode, em sentido estrito, designar uma pessoa com caracteres físicos majoritariamente típicos dos povos de origem africana: pigmentação da pele escura, cabelo crespo, etc. Em sentido amplo, tem servido para descrever todos os descendentes de africanos, mesmo os miscigenados, desde que aparentem um mínimo de características físicas negras (mulatos, cafuzos, ou morenos e mestiços. Concluo que mesmo com meus olhos verdes e minha pele clara eu sou negra com muito orgulho. Por que tenho origem negra na minha descendência. Minha avó era negra.
Sabemos que a sociedade passa por momento de crise moral para cuja superação é exigida criatividade e coragem, a fim de ser recriada uma moral verdadeiramente dinâmica e comprometida com a vida. Pois por mais estável que seja a sociedade, sempre há mudança das relações entre as pessoas e grupos. Então, certas regras valem em determinadas circunstancias e deixam de valer quando ocorrem alternações nas relações humanas. Algumas entidades como o Movimento Negro organizam palestras e eventos educativos, visando principalmente crianças negras. Procura-se evitar o desenvolvimento do auto-preconceito, ou seja, da inferiorização perante a sociedade.
O que nos interessa enfatizar, é que em grupos humanos precisam de regras para viver bem. Dito de outra forma, não basta “reformar o indivíduo para reformar a sociedade”. Um projeto moral desligado do projeto político está destinado ao fracasso. Os dois processos devem formar o homem plenamente moral só é possível na sociedade que também se esforça para ser justa.
Segundo o IBGE, no Brasil os negros são correspondentes a menos de 10% da população. Os chamados “pardos”, no entanto, que são mestiços de negros com europeus ou índios, chegam a um número próximo da metade da população. Entre a população negra jovem (especificamente no segmento de 15 a 17 anos), 36,3% cursaram ou cursam o ensino médio; entre os brancos, a parcela é de 60%. Entre aqueles que têm até 24 anos, 57,2% dos brancos haviam atingido o ensino superior, contra apenas 18,4% dos negros. O rendimento médio da população branca no Brasil é de R$ 812,00; já a dos negros é de R$ 409,00. Entre a parcela de 1% dos mais ricos do país, 86% são brancos.
Com essa consciência e com a auto consciência conferida a mim que é capacidade de julgar ações, e de escolher, dentre as circunstâncias possíveis, meu próprio caminho na vida, considero a idéia de Karl Marx, quando diz que; “os homens fazem suas própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstancias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado”. Isso significa que os valores são em parte herdados da cultura. Aliás, a primeira compreensão que temos do mundo é fundada no solo dos valores da comunidade a qual pertencemos.
Alcídia Pavan é funcionária pública de Sinop e professora graduada em Pedagogia.