Até poucas semanas todas as sondagens de opinião pública indicavam que a Presidente Dilma havia recuperado praticamente todos os pontos perdidos durante os meses de protestos que sacudiram o Brasil, contra a corrupção que assola o país, contra as tarifas excorchantes e a baixa qualidade dos transportes públicos, contra o caos que há anos afeta a saúde pública, contra a insegurança que amedronta o povo, a baixa qualidade da educação, a deterioração da infra-estrutura, da ineficiência do setor de energia, enfim, contra a mediocridade dos governos federal, estaduais e municipais.
No decorrer daquelas manifestações as pesquisas de opinião pública indicaram que a avaliação positiva de Dilma caiu para pouco mais de 33%, indicando que se as eleições fossem realizadas naquelas semanas, haveria segundo turno e até mesmo a possibilidade de uma derrota da Presidente, do PT e de boa parte de seus aliados.
Com a maestria que os marketeiros e os formadores de opinião , incluindo alguns veiculos de comunicação que tem boa parte de suas receitas oriundas das verbas publicitárias oficiais, em poucos meses conseguiram recuperar o prejuizo e o prestígio da Presidente subiu novamente para o patamar de pouco mais de 60%, suficiente para alimentar a certeza de a mesma seria reeleita no primeiro turno.
O movimento de uma ala do PT que sonha com a “volta Lula”, que durante os meses de inferno astral de Dilma começaram a ter suas vozes mais ouvidas acababou por recolher-se ao pacto do silêncio para colocar em funcionamento o plano B, que seria a candidatura de Lula se percebessem qe Dilma iria frcassar.
Em meio a certa euforia Dilma resolveu dar preferência aos possíveis candidatos do PT em detrimento de seus aliados no PMDB e outros partidos, com vistas ao fortalecimento de seu partido e a realização de um projeto estratégico de hegemonia petista no Congresso Nacional.
Tal preferência era materializada na liberação das emendas de autoria dos pestistas e a demora ou retenção na liberação das emendas dos demais parlamentares. O mesmo ocorria quando de inaugurações, quando sistematicamente quase apenas petistas faturam com as obras realizadas pelo governo federal. De forma semelhante, o PMDB percebeu que mesmo tendo uma bancada praticamente igual ao PT no CongressoNacional, o PT possui 17 ministérios, incluindo os mais importantes ,como educação, saúde, fazenda, comunicações, casal civil, articulação institucional e o PMDB apenas cinco e os demais partidos alguns ministérios considerados de segunda linha.
Isto acabou aborrecendo o llíder do PMDB na Câmara e seus liderados que, com o apoio de alguns outros partidos aliados e de oposição organizaram o “Blocão’ como mecanismo de endurecer o jogo com o planalto e o PT. Resultado, uma derrota vergonhosa para a Presidente no Congresso em algumas votações, incluindo a convocação de ministros e da Presidente da Petrobrás e de lambuja a constituição de uma comisão para averiguar denúncias de pagamento de propina a funcionários da estatal.
Nete meio tempo os jornais Estadão, Folha de São Paulo, o Globo, todas as revistas semanais e canais de TV passaram a veicular a negociata da compra de uma refinaria nos EUA pela Petrobrás,que acabou lesando a empresa e, indiretamente, os cofres públicos em mais de 1,18 bilhões de dólares. Tentando se justificar a Presidente Dilma acabou piorando sua credibilidade perante aopiniõ pública.
Senadores da oposição e alguns governistas conseguiram emplacar o requerimento de uma CPI para investigar denúncias de corrupção na Petrobrás. A demissão do antigo diretor internacional da estatal e a prisão de outro ex-diretor , este último por envolvimento com uma mafia de lavagem de dinheiro parece que está trazendo para o coração do governo Dilma grandes ameaças, inclusive uma possível convocação da Presidente da República para depor no Congresso. As manobras do Planalto para implodir a CPI deverá ser um atestado de medo e grande perigo para os projetos do PT, Lula e Dilma, podendo implodir tudo antes das eleições!
Quem viver, verá!
Juacy da Silva, professor universitário, aposentado UFMT, mestre em sociologia
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