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De tempo

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Abraão temeu pelo amanhã de Sodoma e desafiou o Senhor para que a poupasse do fogo em nome da preservação das vidas de 50 justos. Deus as pouparia. O Patriarca hebreu ponderou para 45, 40, 30, 20, 10 e o Criador o atenderia desde que entre a devassidão moral naquela cidade existisse a mencionada dezena de figuras honradas. O desfecho está em Gênesis. Sodoma é o sugestivo título de uma operação policial que levou para a cadeia algumas das cabeças mais ilustres do ontem político e sindical mato-grossense.

Brasília e Mato Grosso estiveram mergulhados por muitos anos numa deslavada sodomia política que parecia não ter fim. No Planalto, na força da ressonância popular nacional, começa raiar o sol nas trevas da imoralidade do poder. Aqui, já se vê luz. A moralização é imprescindível, mas não é a única porta que dá acesso ao desenvolvimento e ao surgimento da verdadeira justiça social na continentalidade brasileira.

O Brasil e Mato Grosso precisam de mais Sérgio Moro e Selma Rosane de Arruda, de maior vigor no Ministério Público e na Polícia Judiciária. Precisa de tudo isso e também de bons administradores com liderança.

Governo não se faz com discurso nem com algemas. JK transformou o Brasil com o Plano de Metas dos 50 anos em 5. Eleito governador em 2002, Blairo Maggi não tinha programa administrativo. Sua vitória nasceu do desencanto com o discurso que se volatilizava. No final daquele ano, em Lucas do Rio Verde, acendeu-se a luz que brilharia nos primeiros quatro anos da administração Blairo. O prefeito anfitrião Otaviano Pivetta sugeriu a criação de PPPs Caipiras do Paiaguás com produtores e prefeituras para pavimentar estradas e com elas Mato Grosso criou uma espinha de peixe alimentadora das rodovias federais. JK tinha programa. Blairo o ganhou na bacia das almas.

Mato Grosso é vácuo de obras da União. Cadê as ferrovias? Os portos? O Hospital Universitário? A Base Aérea de Cáceres? A duplicação da BR-163? A presença de Brasília aqui fica restrita aos programas de transferência de renda (e de votos). Nada mais. Essa situação causa indignação popular e alimenta raivosos discursos de antigos usurpadores de favores do Estado, agora travestidos de moralismo.

Deixemos que a Justiça cumpra seu papel em Brasília e aqui. Saibamos cobrar desempenho administrativo. Invoco o princípio de Abraão para mostrar a inércia governamental. Em Mato Grosso não há 1.000 trabalhadores em obras federais e estaduais. Não há 900, 500, 300… O discurso assistencialista de Dilma não se sustenta mais. A fala moralizadora de Pedro Taques, também não. Tenhamos sempre em conta que é importante a exorcização da corrupção, mas não nos esqueçamos de que tão danoso quanto ela é a inércia dos governantes que nos rouba o mais preciso dos bens: o tempo.

Eduardo Gomes é jornalista
[email protected]
 

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