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De bandeira

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Antes, no inverno amazônico, a ligação de Cuiabá com Cocalinho era mais difícil. A MT-326 sumia em alguns trechos, sobretudo com o transbordamento do Cristalino. A MT-100 ficava quase toda submersa após Araguaiana no sentido norte. Restava o trajeto por Goiás pela BR-070 – que era um canudo de poeira ou um atoleiro sem fim, dependendo do tempo -, rodovias secundárias e a travessia do Araguaia em Itacaiu (de Britânia), na ponte com 720 metros de extensão construída pela visão de Iris Rezende e inaugurada em 1986 por seu sucessor Onofre Quinan. Agora ficou mais fácil. Mais fácil ainda é atravessar daquela cidade para Aruanã saltando o grande rio que une os dois estados.

Não somente a turística Aruanã, mas Goiás como um todo está mais perto de Cocalinho, cidade com traços goianos tanto quanto as localizadas à margem direita do grande rio. Isso, porque depois de uma longa espera, finalmente neste sábado (29) será inaugurada uma ponte sobre o Araguaia, com 577 metros de extensão, vão central de 150 metros e elevação de 50 metros acima da linha d’água – o que possibilita a navegação. Essa obra custou R$ 32,2 milhões ao governo goiano e ao Consórcio Caminhos do Sol, que explorará seu pedágio por 25 anos.

Mato Grosso ganhou tanto essa ponte quanto a de Itacaiu, mas o aterramento da cabeça do lado mato-grossense foi bancado pelo seu governo, que desembolsou R$ 6 milhões e pavimentou a 326 da cidade àquela obra em sua vizinhança.  
Com mais essa ponte interestadual Goiás reforça sua política de identidade com o Vale do Araguaia mato-grossense e intensifica sua relação comercial com Cocalinho e municípios vizinhos.

Lentamente o asfalto substitui o chão batido na 326 entre Nova Nazaré e Cocalinho, mas mesmo assim Mato Grosso continua patinando naquela região, que observa o fuso horário goiano, mede terra em alqueirão, vê TV e escuta rádio de Goiânia e que manda seus filhos estudarem naquela capital, onde também corre atrás de atendimento médico.
Marconi Perillo, o governador goiano, abre os braços sobre Cocalinho. Enquanto isso, a ligação daquela cidade com a BR-158 em Água Boa via Nova Nazaré é estrangulada por uma balsa sobre o rio das Mortes e uma ponte cintura fina sobre o Cristalino. Em 1997 a construção de uma ponte de concreto sobre o rio das Mortes foi incluída no programa de Perenização de Travessias no governo de Dante de Oliveira, que o executou com financiamento de US$ 55,4 milhões do Banco San Paolo, mas foi retirada dele por pirraça ambiental das ONGs que agem na surdina.

Pedro Taques precisa ampliar sua visão sobre o Araguaia. Lá na curva do futuro, quando o asfalto da 326 ligar a 158 à barranca do rio – e Deus ajudando que as pontes sejam construídas -, não será surpresa se nos depararmos com uma Cocalinho mais goiana, menos mato-grossense e defendendo a bandeira de um novo Estado pra chamar de seu.

Eduardo Gomes de Andrade é jornalista em Mato Grosso
[email protected]

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