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Cuiabano, um ser festivo e político

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Ao receber os visitantes o cuiabano é gentil, sobretudo, porque dentro da sua família reina a gentileza. Ser amável está nas atitudes das pessoas que nascem aqui, e nascer aqui é estar predestinado a ser gentil consigo mesmo. Ao acordar o cuiabano, comemora a continuidade da vida, festeja mais um dia da sua existência, as pessoas que nascem aqui, comemoram o seu aniversário diariamente e anualmente. Essa alegria de festejar alguma coisa, ou festejar alguma data é próprio deste povo, essa sensação está na alma do povo desta terra, exemplo são as festas dos santos: é festa de São Bendito, é festa do Senhor Divino, é festa de São João e festa de São Pedro.

Antigamente ao ouvir os fogos e as músicas executadas pela banda de música, as famílias ficavam a esperar os componentes da Bandeira. Até ao pedir a esmola para festa, os componentes trazem em seus rostos a alegria de ter alcançado uma graça e ao pagar sua promessa, (as vezes descalço), esse pagamento é feito pedindo a esmola com a mesma alegria de uma criança que ganhou um presente.

Os festeiros seguem com a Bandeira e a Coroa, e a bandinha vai atrás distribuindo alegria das músicas, e de casa em casa os componentes vão misturando fé e alegria, as famílias recebem os componentes da Bandeira, (ou da esmola), abrem as portas das casas, servindo sucos, bolos e salgadinhos e, às vezes, no embalo das músicas pinta um "rasqueadão", as pessoas chegam até a empolgar e ensaiam alguns passos da dança.

E, no momento de respeito ao ato solene de fé a Coroa é colocada na cabeça dos membros das famílias, e estes pedem ao santo, pela casa e pelos componentes da família, beijando a Bandeira. Como é bom dizer em alto e bom tom: Viva São Benedito, viiiiiiiva;
Viva o Senhor Divino, viiiiiiiva.

E, ao beber o seu estimulante preferido, o seu "guara", que nada mais é o guaraná ralado na grosa, começa o/um novo dia com a magia do saber viver do verdadeiro cuiabano, ou seja, (os que nasceram aqui e não os titulados), não gasta seu precioso tempo pensando na opinião dos outros, no seu entendimento mais profundo o cuiabano antes de agir, antes de tomar uma decisão, tem como princípios misturar os três mais importantes sentidos da sua vida e da sua personalidade:

1 – A paciência: para quem está acostumado com o calor, ser calmo reduz o consumo de energia e evita as doenças originárias do stress;

2 – A ausência de tensão: o isolamento secular deste povo, fez com que as pessoas nascidas aqui, aguardassem as mudanças, com sofrimento, com paciência e a saberia daqueles que sabem esperar;

3 – E, de ambição: para os cuiabanos a sua existência é um enorme complexo do ser humano, e na busca do ter e o ser existem um enorme caminho a ser percorrido. O ter é uma consequência do dia a dia e da sua própria sobrevivência pela vida, acumular riquezas nunca foi o seu objetivo principal, sua atuação não é apenas no plano material. Por isso, que muitos políticos não entendem o cuiabano como um ser, e na busca pelo poder esquecem muitos compromissos assumidos e começam a fazer da política um grande negócio, e esquecem que para o cuiabano os grandes projetos não são os materiais.

Muitos falsos líderes ao receber a confiança deste povo, pensam que pode enganá-lo por muito tempo, e esquecem que atrás do seu modo gentil, até aparentemente humilde, o cuiabano naturalmente despreza as atitudes arrogantes dos políticos, o líder por um momento passa inicialmente por um anjo, mas é uma pessoa com força livre, logo-logo o eleito pula a cerca da honestidade, e esquece os compromissos assumidos e como rebelde começa a desprezar os valores humanos, esquece o pacto de campanha, mas para o cuiabano o político é o principal elo de ligação entre o povo e o mundo, mas após assumir o poder, o eleito passa a crer que ele é um elo entre ele e ele mesmo.

Depois das oportunidades, em seguida vem o julgamento e o castigo do ostracismo, e a flexibilidade do cuiabano tem limite, ledo engano daqueles políticos que não sabem ler nas entre linhas do jeito mágico, sensível, emocional e sábio do ser chamado cuiabano, é um ser solto, sua tendência é dispersar-se e isolar o falso e o enganador. Nós outros que nascemos exatamente no Centro da América do Sul, sabemos como ninguém a exorcizarmos as ações politiqueiras, sem perdermos tudo de bom que os verdadeiros líderes possam nos ensinar, pois o ser politizado conhece muito do mundo e dos homens. Quando os falsos líderes fascinam só pelo seu poder, ele logo esquece que não possui nem ele mesmo, e afasta da verdade.

Portanto, a única maneira de lidar com um político é não aceitá-lo de pronto como um amigo. O cuiabano sabe disso, e sabe que pode até ouvir os seus discursos, pedir sua ajuda quando necessária, mas nunca deixando que ele dite as regras como se ele fosse o dono de sua vida. Político é um ser perigoso transformado pelo poder: ele pensa que pode corromper e transgredir a verdade. E, ao mentir, mentir, mentir, ele passará a ser estigmatizado de mentiroso e cairá no descrédito para sempre.

Aqui nesta terra todos sabem que o maior castigo que um político possa receber é ser condenado ao ostracismo.

Wilson Carlos Fuá – economista, ouvidor Geral da Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra/MT) e cuiabano mesmo

 

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