sexta-feira, 26/julho/2024
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Crescimento e exclusão 2

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Há duas semanas escrevi um artigo com este mesmo título, demonstrando que, diferente do que pensam as pessoas, inclusive economistas, cientistas sociais e governantes, o crescimento econômico, como vem ocorrendo nas últimas décadas ou até mesmo séculos, não tem conseguido inserir bihões de pessoas que continuam `a margem deste processo.

A exclusão têm diferentes faces como a econômica, a social, a política, a cultural e pode ser vista na pobreza, na miséria, na falta de acesso a serviços básicos, que definiem o que chamamos de cidadania, como a educação, saúde, saneamento , segurança pública, habitação, alimentação, enfim, aspectos que definem o nível de dignidade que todas as pessoas devem desfrutar em uma sociedade.

Até recentemente as pessoas também acreditavam que todas essas mazelas que estamos acostumados a ver e a sentir, mencionadas anteriormente, fizesem parte apenas dos países sub-desenvolvidos, em vias de desenvolvimento ou de renda baixa, como definidos por diversos organismos internacionais. O antidoto, acreditavam essas pessoas, seria o desenvolvimento, onde o crescimento econômico, representado por um PIB cada vez maior e, como consequeência, um PIB per capita cada vez mais elevado. Como certeza existe uma grande diferença entre um país com um PIB superior a trilhões de dólares , ou um PIB per capita de oitenta mil dólares, quando comparado com um outro país com um PIB de poucos bilhões de dólares e um PIB per capita de menos de mil dólares anuais.

Todavia, é fundamental notar que para definir inclusão ou exclusão das pessoas nos frutos do desenvolvimento, o PIB per capita, por exemplo, não é o indicador mais confiável, tendo em vista que o mesmo não retrata o perfil da distribuição da renda, da riqueza e das oportunidades entre as pessoas. É uma operação aritmética em que a media é irreal quando somamos a renda de milhares de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza com uma centena de bilionários. Com certeza a renda per capita será bem elevada, mas os miseráveis continuarão na mesma situação e os bilionários em sua vida nababesca.

Para melhor entender a realidade foram criados vários indicadores que medem a distribuição de renda e riqueza entre as pessoas e vários grupos sociais. Os principais indicadores utilizados são o índice de Gini, a parcela que a camada dos 10% mais pobres e dos 10% mais ricos de cada país se apropriam da renda/PIB nacional, o IDH que é um indicador composto de três outros setoriais. Existe também um indicador mais refinado denominado índice de pobreza humana (HPI-1 e HPI-2), que engloba três dimensões: a) vida saudável; b) conhecimento e c) um nível de vida decente, desdobrados em doze indicadores setoriais, incluindo, probabilidade de sobreviver até 40 anos nos países sub-desenvolvidos e 60 anos nos desenvolvidos; analfabetismo e analfabetismo funcional; acesso `a água potável, e energia elétrica, esgotamento sanitário; crianças subnutridas ou desnutrição infantil, população vivendo abaixo da linha de pobreza; taxas de desemprego e sub-emprego; acesso a bens culturais, nível de segurança pública.

Com as crises econômica e financeira que há quatro anos tem castigado a Europa, os EUA, o Japão e diversos outros países, a face cruel da pobreza, da miséria e da exclusão tem se manifestado de forma alarmante.
Dados bem recentes indicam que 15,1% da população americana (46,6 milhões de pessoas ) estavam vivendo na pobreza em 2010 e que este percentual passou para 16,1% em 2011, atingindo 49,7 milhões de pessoas. Na Califórnia, antes considerado o El Dourado Americano este índice chega a 23,5%. Na china 13,4% da população em 2011 viviam abaixo da linha de pobreza (178 milhões de pessoas). Na Índia 29,8% estavam abaixo da linha de pobreza (360 milhões de pessoas). Na Europa em 2011 o índice de pobreza foi de 24% ( 177,2 milhões de pessoas)que com a continuidade da crise tende a aumentar nos próximos anos.

Destacamos os países com maiores índices de crescimento e tamanho do PIB e a Europa em conjunto para reforçar a idéia de que o crescimento econômico em si não significa nem a distribuiçao de seus frutos e nem acaba com a exclusão, pelo contrário, pode até agravar. Voltaremos a este tema oportunamente.

Juacy da Silva, professor universitário, mestre em sociologia,colaborador de Só Notícias.

[email protected] Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.zip.net

 

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