Encerrado, praticamente, o julgamento, a condenação e a prisão dos principais envolvidos no caso do MENSALÃO, que, pela primeira vez levou ao banco dos réus e depois `a cadeia, mesmo que seus cabeças tenham recebido penas brandas quando comparadas com os operadores do que, até então imaginava ser o maior escândalo de corrupção ocorrido durante o Governo Lula, parece que a sociedade brasileira está diante de mais um escândalo de má gestão na maior companhia estatal brasileira, a PETROBRÁS.
Quando estourou o escândalo do MENSALÃO, o então Presidente da República dizia que o mesmo não existia, que era obra de ficção política, que tudo não passava de intriga da oposição, alimentada por uma imprensa conservadora. Passados alguns dias ou semanas como as evidências apontavam para a realidade dos fatos, rapidamente Lula demitiu o homem forte do Govero, verdadeiro primeiro-ministro e em seu lugar colocou a então Ministra das Minas e Energia, a gestora competente, durona e pouco dada `as lides do diálogo com parlamentares, Dilma Rousseff.
Enquanto o Ministério Público lentamente investigava as denúncias do MENSALÃO, aos poucos o marketing do Palácio do Planalto e do PT “blindavam” Lula para que nada respingasse na imagem do Presidente, que acabou sendo reeleito pouco depois. Ao mesmo tempo Lula já havia escolhido sua sucessora, no lugar que antes todos imaginavam seria ocupado por José Dirceu. Para tanto era importante construir uma nova imagem da que viria a ser a mãe do PAC, uma ministra menos carrancuda, aberta ao diálogo com parlamentares e caciques políticos, competente, meticulosa e com enorme capacidade de liderança e de chefia, qualidades importantes para o exercício de seu próximo, naquela época ainda distante, cargo,que seria a Presidência da República.
Tudo ia dando certo, apontando para sua reeleição tranquila, mesmo que ao longa caminhada tivessem ocorrido alguns sobressaltos como as grandes manifestações de meados do ano passado, quando milhões de pessoas sairam as ruas para protestarem contra a corrupção, a baixa qualidade dos serviços públicos e o caos que reinava e continua reinando na segurança pública, na saúde, na educação e em vários setores da infra-estrutura como energia, logística e outras mais.
Bastou remexer um pouco no baú do tempo e o que parecia céu de brigadeiro no voo solo a caminho da reeleição, parece que começa a ocorrer uma grande turbulência no cenário politico brasileiro, muito semelhante quando do início do movimento que levou ao impeachment do então Presidente Collor.
Um negócio, aparentemente rotineiro, realizado pela PETROBRÁS em 2006, ainda no primeiro Governo Lula, que contou com o aval pessoal da então ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, acabou se transformando no estompim de uma provável crise politica com muitos desodobramentos. O negócio, na verdade aparenta ter sido uma das maiores negociatas já ocorridas na história da Petrobrás, acarretando um prejuizo de mais de um bilhão de dólares, tudo isso com o aval do Governo Lula e de seus representantes no Conselho da maior estatal brasileira, incluindo a atual Presidente da República.
A prisão recente de um ex-Direetor da PETROBRÁS pelo seu envolvimento com as investigações da operação lava-jato, cujo esquema , conforme informações veiculadas pela imprensa podem ultrapassar a lavagem de mais de 10 bilhões de dólares, quase que ao mesmo tempo que a demissão de um Diretor da Petrobrás Distribuidora, que na condição de Diretor Internacional da PETROBRÁS foi o responsável pela condução da negociata e do parecer aprovado pelo Conselho da Empresa e da Ministra Dilma, deixa dúvidas sobre inúmeros aspectos desta desastrada operação.
Se a própria presidente disse em nota publicada há poucos dias que seu voto foi baseado em um resumo técnico falho e incompleto, apesar de que esta sua versão acabou sendo contestada por antigos dirigentes da Estatal, cabe ao Congresso Nacional, em nome do povo brasileiro e não como instância política subordinada ao Executivo, com competência, independência e altivez, investigar tais fatos e outros mais que possam restabelecer a transparência sobre os negógicios conduzidos por gestores públicos, pouco importa o escalão administrativo.
Afinal, todos os governantes devem estar sob o império da Lei, da ética , da transparência, da competêcia e da responsabilidade, inclusive Dirigentes de Estatais, Ministros e até mesmo o ou a Presidente da República. O momento é este, CPI da Petrobrás, já!
Juacy da Silval professor universitário , aposentado UFMT, mestre em sociologia