A COP 30, conferência climática mais importante do planeta, deveria ser o momento em que o Brasil reafirmaria seu papel de liderança dos temas relevantes da atualidade.
Com a urgência climática como pauta e a Amazônia como pano de fundo, o país tinha em mãos uma chance histórica de reunir líderes globais, demonstrar sua capacidade de articulação, fomentar acordos e mostrar ao mundo verdades que apenas o setor produtivo brasileiro conhece a respeito do papel do país na questão ambiental.
Mas a realidade que se desenha é outra: preocupante e vergonhosa.
A poucas semanas do evento, menos de 25% das delegações internacionais confirmaram presença. O motivo? Os custos proibitivos de hospedagem em Belém, cidade-sede da conferência.
Tal qual determina a “Lei” da oferta e procura, Belém enxergou uma grande oportunidade. Era de se esperar um aumento nos custos médios de hospedagem, mas o que deveria ser uma resposta natural do mercado se transformou em um obstáculo diplomático.
É verdade que o mercado regula preços conforme a demanda. Mas também é verdade que a demanda se retrai, diante de preços abusivos. O que se vê é um exemplo claro de como o mercado, sem balizas, pode sabotar a própria oportunidade que ajudou a criar.
O Brasil falhou em antecipar esse desequilíbrio. Os acordos com o setor privado foram insuficientes e o planejamento estratégico para garantir hospedagem acessível e infraestrutura adequada foi falho.
O resultado é um fiasco anunciado. A ausência de delegações enfraquece o evento, compromete negociações cruciais e mancha a imagem do Brasil como anfitrião global. Mais do que um problema logístico, trata-se de um alerta sobre a importância da coordenação entre Estado e sociedade, especialmente quando o mundo inteiro está olhando e construindo conceitos sobre o Brasil e os brasileiros.
Se o Brasil pretende recuperar sua credibilidade, precisa agir rápido, ampliar alternativas, convencer as delegações internacionais e garantir que a COP 30 não seja lembrada como uma conferência esvaziada, mas como um ponto de virada.
O Brasil não tem demonstrado respostas assertivas diante de temas de grande relevância. Age com desprezo, despreparo e imaturidade política, amplificando negativamente as consequências.
Esta reflexão não é apenas uma crítica, é um chamado à responsabilidade. O Brasil ainda pode transformar esse tropeço em aprendizado. Mas, para isso, precisa reconhecer que protagonismo global exige mais do que boas intenções: exige competência e atitude.