PUBLICIDADE

Contradições

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

A sociedade não agüenta repor a inflação do ano sobre o salário dos funcionários públicos, disse-me a semana passada o economista Vivaldo Lopes, de larga experiência em análise a avaliação de contas públicas. Entre 2003 e 2010 as gestões do governador Blairo Maggi não repuseram salários na inflação baixíssima da época e nem realizaram concursos públicos. Porém, em 2010 realizou um concurso e contratou-se 15 mil servidores públicos nos três anos seguintes. Mas não foi só isso. Uma PEC introduziu na Constituição o INPC – Indice Nacional de Preços ao Consumidor que mede a inflação como fator de correção dos salários. Em inflação baixa, tudo bem. Mas foi de 11,28% em 2015.

Sobre o aumento absurdo da folha de pagamentos do governo, além das 15 mil contratações, os ganhos salários e as revisões de carreira fizeram um rombo nas contas públicas. Alguns exemplos são gritantes. Em 2004 havia 22 auditores, que ganhavam R$ 4.600. Hoje são 100 e ganham R$ 27 mil. Os procuradores saíram de R$ 4.600 para R$ 30 mil, e os fiscais de tributos que eram 350, hoje são 750 e ganham R$ 30 mil. Na gestão Silval Barbosa corrigiu-se as revisões de carreira sem preocupações com as conseqüências fiscais futuras e foram somando. Todas as carreiras desde então tiveram correções inflacionárias e ganhos reais nos salários, chegando ao absurdo da reposição salarial automática.

O governo Pedro Taques errou quando não diagnosticou dois problemões na fase da transição: a previdência estadual, com um rombo de R$ 700 milhões por ano, e o aumento acelerado das despesas com pessoal. Pior. Garantiu os ajustes, reajustes e reposições. Piorou ainda mais o quadro quando contratou mais 4 mil servidores na área de segurança. Apagou o incêndio com gasolina.

A conclusão, aponta Vivaldo Lopes, é que o estado não agüenta os custos do pessoal na forma como está. O cruel aponta, é que em 2017 os cenários de investimentos não serão animadores, se as despesas com pessoal não forem freadas. Em 2016 restaram míseros 3% para investimentos, dentro do orçamento de R$ 18 bilhões. O governo gastou consigo mesmo e com dívidas, 97% de tudo o que arrecadou. E todos os medidores indicam que a qualidade dos serviços públicos só piorou!

Em 2017 entrarão receitas novas em valores aproximados: renegociação da dívida com o governo federal, R$ 300 milhões; Fethab novo, R$ 400 milhões; Fethab velho, R$ 600 milhões e FEX, R$ 400 milhões. A gestao Pedro Taques, se tiver juízo e planos, terá uma sobrevida.

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

COMPARTILHAR

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Mais notícias

Somos do povo, para o povo, não uma casta privilegiada

Vivemos um momento decisivo para nossa democracia. Em tempos...

Estupidez no trânsito – uma inimiga mortal

Que tempos são esses que não podemos mais falar...

Naturalidade versus artificialismo

Independente do estado em que se encontre hoje, é...

Ultraprocessados podem afetar seus hormônios?

Nos últimos anos, os alimentos ultraprocessados passaram a ocupar...