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Ciclovia Cuiabá–Chapada: afirmação da cidadania

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A rodovia que liga Cuiabá à Chapada dos Guimarães, denominada Emanuel Pinheiro, foi concebida como uma Estrada Parque. No traçado de pouco mais de 60 km o viajante pode contemplar um belíssimo cenário natural. Mas, por razões infra-estruturais e econômicas, a via, com o passar dos anos, passou a ter um tráfego intenso de veículos, inclusive de cargas, descaracterizando a sua vocação original.

Nesse sentido, saudamos a idéia do Governo do Estado em construir uma nova rodovia ligando Cuiabá à Chapada dos Guimarães. Nessa rodovia, os veículos de carga poderão trafegar sem restrições, liberando a Emanuel Pinheiro para que seja de fato uma Estrada Parque, de modo que a sua utilização esteja compatibilizada com a preservação do ecossistema local, valorizando a paisagem, os aspectos culturais e, ainda, fomentando a educação ambiental, o turismo, o lazer e o desenvolvimento socioeconômico das comunidades locais.

Todavia, ressaltamos que, para a rodovia Emanuel Pinheiro tornar-se efetivamente Estrada Parque, diversas ações deverão ser efetivadas. Tais como: sinalização específica, definindo novos limites de velocidade , bem como a construção de novas infra-estruturas necessárias para uma maior e mais confortável apreciação dos aspectos naturais.

É neste contexto que indicamos ao Governo do Estado para, com as parcerias que achar necessárias, construir ao longo da Emanuel Pinheiro uma ciclovia, que deve ser iniciada no km 01 e se estender até o início da ciclovia Chapada dos Guimarães – Mirante. A ciclovia é urgente e necessária porque garante segurança e conforto ao grande público de ciclistas, inclusive às pessoas das comunidades que vivem ao longo da estrada e que hoje transitam em condições precárias e de riscos nas suas margens.

Na indicação, sugerimos, também, ao Governo Estadual que o projeto de ciclovia deve se ajustar às especificidades ambientais e culturais da região de tal modo que, a ciclovia, seja elemento de embelezamento do ambiente, compondo com o seu paisagismo natural; fazendo existir, ao longo do traçado, locais de apoio aos ciclistas, bem como estruturas que lhes permitam, assim como aos turistas em geral, a contemplação dos aspectos naturais da região.

Por fim, é importante destacarmos um problema que inquieta o mundo moderno, especialmente os grandes e médios centros urbanos: o crescimento vertiginoso da frota de automóveis em nossas ruas.

Nesta era do automóvel em que vivemos, vimos o carro determinar as estruturas das nossas cidades, de modo que as obras de engenharia, de custos altíssimos e pagas com recursos públicos, foram concebidas para privilegiar os automóveis e não as pessoas. Em Mato Grosso, podemos observar que, especialmente na Grande Cuiabá, esse crescimento vertiginoso, alterou profundamente o modo de viver de nossa gente. De fato, o jeito “cuiabano”, cordial, sereno e hospitaleiro confronta diariamente com a perversidade da cultura do automóvel – autoritária e individualista.

Ainda que nos falte dados sistematizados sobre as deseconomias provocadas pelo excesso de carros nas ruas da Grande Cuiabá, podemos destacar alguns prejuízos: os custos de atrasos no deslocamento das pessoas de casa para o trabalho e vice-versa, os custos com o tratamento de acidentados, com doenças provocadas pela exposição das pessoas a situações diárias de estresse entre outros. Essa nova realidade exige do poder público mais investimentos, especialmente na educação para o trânsito.

Nossa idéia, então, é para que uma Estrada Parque com as características da Cuiabá-Chapada, especialmente com a ciclovia que propomos, imponha-se como um espaço privilegiado para o trabalho pedagógico na perspectiva de um novo comportamento dos cidadãos nas ruas, avenidas e rodovias. Inclusive nesse aspecto, a ciclovia se reveste de uma necessidade imperiosa para a afirmação da nossa cidadania.

Percival Muniz é deputado estadual pelo PPS de Mato Grosso

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