Em épocas de eleição, parece que aflora o instinto revolucionário das
pessoas, quando não os “primitivos” dos quais já falava o excelentíssimo
senhor extinto… Como é mesmo o nome? Roberto Jefferson! Perdoem minha
memória curta de brasileira.
As propostas dos candidatos estão sempre revelando um novo horizonte
repleto de riquezas e felicidade, onde o povo brasileiro estará em
primeiro plano, onde as taxas de juros, que são aplicadas de modo ilegal
constitucionalmente terão redução, o que implicará meramente em sua
legalidade, como se fosse uma boa vontade do candidato, onde teremos novas
estradas e diremos NÃO às privatizações, a não ser que na prática venham a
dar alguma justificativa de uma emergência crucial, ou entreguem as ações
de alguma estatal bonita nas mãos do povo miserável para que sejam
privatizadas sem a responsabilidade do presidente, que assim lava suas
mãos! Alguém lembra desse fato? É nossa memória!
Damos um velho tapa na pantera e nos deparamos com candidatos novos, de
partidos novos, de velhas historias de luta, oh sim! E velhas camisetas
brancas! De novos velhos ideais, socialismo?! Porque não? Novidade para o
Brasil, revolução e combate ao mensalão, e combate à marginalidade, e
combate ao aborto, combate a essa política econômica, combate a safadeza
das ambulâncias, combate ao crime organizado, que estava estruturado em
uma das suas passeatas, de armas em punho e estratégias
semi-guerrilheiras. Quem sabe não são revolucionários que irão dominar o
país, hã? (PCC já tem o comando no nome). É que nessas horas não tem
combate certo, nem diálogo, só o velho desvio… De passeata! Porque de
verba, isso nunca! Combate aos dinheiros nas cuecas também.
Um dia desses vi uma reportagem com o outro candidato, o que é louco por
Educação. De 160 perguntas, todas eram respondidas com educação sobre
Educação. Simples, não? Alguém se lembra dos minutos nos horários
eleitorais de outros candidatos à presidência? Ah, disso lembramos, que
belo entretenimento nos proporcionava.
E agora é um contra um. Tucano versus molusco, um no ar e outro no mar!
Que lindo… Na terra ficamos nós, formiguinhas trabalhadeiras. Governo
versus governo. E decidir exige um pouquinho de memória, porque das
corrupções recentes, acho que lembramos um pouco. Dizem que não foi tudo
pra debaixo do tapete, talvez 40% realmente não. O resto, continuo pagando
pra ver pelo resto da vida.
Lídia Carla Dourado Gonçalves, 18 anos, estudante de teatro.