A política é uma atividade danada de ingrata, às vezes. Ela eleva e oscila com a mesma velocidade que o vento balança as folhas das árvores.
A Copa do Mundo em Cuiabá foi um envolvimento e gestão pessoal do então governador Blairo Maggi, em 2009. Ele esteve na Suíça junto com o então presidente Lula e criou a tese da Copa do Pantanal, uma forma de conciliar o ecossistema com a economia estadual.
Blairo Maggi dizia que o mundo precisava conhecer a terra que produz grande parte dos alimentos que eles consomem.
De outro lado, o Pantanal seria uma atração quase mística para os turistas.
Criou a Agência Estadual de Execução dos Projetos da Copa, a Agecopa, como uma autarquia responsável pela implantação das obras necessárias e também aquelas a que se chamou de matriz de responsabilidade.
Em outubro de 2011, já no governo Silval Barbosa, a Agecopa foi substituída pela Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo – Secopa, com as mesmas finalidades, mas sujeita a toda a sorte de entraves que estão sujeitos os órgãos da administração pública direta.
Finalmente, depois de toda a novela amplamente conhecida da população de Cuiabá e de Várzea Grande, as principais obras devolveram o trânsito à relativa normalidade e, principalmente Cuiabá, teve grandes ganhos que se refletirão no seu futuro.
A cidade que vinha muito congestionada ganha um grande fôlego para o futuro.
Dito isso, finalmente a Copa do Mundo chegou a Cuiabá debaixo de enormes expectativas quando aos desgastes em relação a obras urbanas inacabadas, ao aeroporto inacabado, o VLT em obras, etc.
Prevaleceu o espírito festeiro e hospitaleiro de Cuiabá. Os jogos não causaram constrangimentos e nem os turistas reclamaram de viadutos inacabados e nem do aeroporto funcionando parcialmente. Foram quatro jogos com público e festas acima do esperado.
Nesse ambiente, não se viu a figura do ex-governador Blairo Maggi, exceto, discretamente, no último jogo. Atingido pelos estilhaços da Operação Ararath, Blairo recolheu-se em silêncio e a política se encarregou de ignorá-lo Para um político este talvez seja o mais cruel de todos os algozes: a invisibilidade.
Acompanhei de perto alguns ex-governadores vítimas desse abandono temporário ou permanente: os ex-governadores José Garcia Neto, Júlio Campos, Carlos Bezerra e Dante de Oliveira.
O primeiro e o último, convivi de perto com o seu exílio de corpo presente. Imagino que Blairo Maggi mereça, com todo o direito, o reconhecimento do seu esforço pela Copa do Mundo em Cuiabá.
As questões políticas são outro departamento. Mas como disse no início, a política é ingrata mesmo!
A História é quem costuma fazer justiça ainda que às vezes tardia!
Onofre Ribeiro – jornalista em Mato Grosso, ex-secretário estadual de Comunicação